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Na Praia da Conceição, o dia começa com yoga no mar e acaba com marisco à mesa

Já alguma vez se imaginou a fazer yoga no mar? O convite é feito por Lia, da SUP com Alma, parceira do restaurante Emma, na Praia da Conceição.

Raquel Dias da Silva
Jornalista, Time Out Lisboa
Sup com Alma
DR
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Lia Coldibelli faz yoga desde os 18 anos. Mas só mais tarde arriscou levar a prática para dentro de água. A descoberta foi de tal forma transformadora que já não se vê de outra maneira se não a remar e a agradecer ao sol. Quando a encontramos na Praia da Conceição, já está de boné e fato de banho, pronta para nos desafiar a sair da nossa zona de conforto. O tempo oscila – ora está um calor abrasador, ora as nuvens ameaçam fechar o céu–, mas não há vagar para hesitações. “Querem uma camisola, para ficar mais confortáveis?”, pergunta a paulista de gema. Em Portugal desde 2015, Lia é o rosto da SUP com Alma, uma escola de stand up paddle e outras actividades náuticas, incluindo SUP Yoga. Esta modalidade dois-em-um é perfeita para alimentar o adágio “corpo são em mente sã”. Quem o diz é a nossa professora – e depois de uma hora a experimentar, não podemos deixar de confirmar.

Sup com Alma
DRSup com Alma

Tudo começa ainda na areia, à beira da água. Se nunca se aventurou no stand up paddle, prepare-se, porque será a primeira lição do dia. Lia dá-nos ensinamentos sobre como manter o equilíbrio ou como agarrar na pagaia e remar correctamente. A ideia é conseguir chegar sozinho até à plataforma onde a prancha de cada praticante irá atracar para a prática do SUP Yoga. Mas não entre em pânico. Não é tão difícil como parece e só tem de se pôr em pé se estiver confortável com isso. É possível fazer SUP de joelhos e Lia até o recomenda num primeiro momento. Uma vez no destino, haverá espaço para arriscar mergulhos involuntários. Antes, sugere-se uma saudação ao sol. É assim que se começam todas as aulas. “Para trazer as pessoas para o presente”, esclarece Lia. “Ajudá-las a conectarem-se com o ambiente que as rodeia, o céu, o mar, as gaivotas, todos esses sons e cheiros, interessam-me muito mais do que propriamente as posturas em cima da prancha.” A ambição, reforça, não é fazer perfeito. É, por oposição, deixar de estar preocupado com o fazer mal. “As posturas são parte da prática, mas o importante é que se sintam completamente à vontade.”

Sup com Alma
DRSup com Alma, na Praia da Conceição

A aula (35€/1h) prossegue com a descoberta do nosso “core”, com diferentes posturas de equilíbrio, incluindo uma espécie de dança em pé, em que só os braços e o tronco mexem. Normalmente começa-se com a downward facing dog, uma asana de inversão e provavelmente a mais reconhecível para quem nunca praticou. “Vamos trabalhando a posição até alcançarmos a postura em pé, fazermos a saudação ao sol e passarmos para outras posturas.” Como as de joelhos, que também nos levam a levantar braços e pernas, enquanto tentamos não cair à água. O que significa trabalhar todos os músculos do corpo, das pernas aos braços. Se já pratica yoga em terra, talvez não estranhe nem se ressinta. Caso contrário, é certo e sabido que vai sentir o efeito dos exercícios no dia seguinte (ou mesmo umas horas depois). Mas como a prática faz o mestre, o segredo é repetir. No final, Lia até lhe dá música. “Para relaxar um bocadinho antes do nosso momento de gratidão e de voltarmos para a praia com uma remada.”

Saúde, família e desporto

“Comecei a praticar yoga com o mestre De Rose, lá no Brasil. Ele incentivava muito os jovens a fazer formações e se tornarem professores. Eu fiz parte dessa rede durante uns quatro anos, mas acabei por me sentir frustrada com a forma como ele vivia a prática. Por causa disso, andei à procura de outros centros, mas só havia a modalidade em ginásios e meio que abandonei”, confessa Lia. “Acabei por descobrir o stand up paddle e, como não havia outra forma de aprender, comecei a assistir tutoriais de remada, para melhorar a técnica, e cruzei-me com um vídeo da californiana Sarah Tiefenthaler a praticar SUP Yoga. Achei um máximo e comecei a praticar também. Tinha uns 28 anos, foi para aí em 2010.” Passados cinco anos, Lia mudou-se para Portugal, mas ainda longe de imaginar que faria do mar o seu ganha-pão. Jornalista de formação, trabalhou muitos anos na Globo e tencionava continuar na área. Só que o período sabático trocou-lhe as voltas. “Fiquei um Verão inteiro a dar aulas de SUP e, eventualmente, me convidaram para dar também SUP Yoga, porque não se via muito.”

Sup com Alma
DRLia Coldibelli

A mudança de carreira estava a correr tão bem para Lia, que a paulista resolveu fazer uma viagem à Índia para se formar em Hatha Yoga. Quando voltou novamente para Portugal, recomeçou a dar aulas, agora já com certificação, e fez nascer uma versão itinerante do que viria a ser o Sup com Alma, na Praia da Conceição. O desafio de abrir uma verdadeira escola veio de André Simões de Almeida, proprietário do restaurante Emma. “Ele tinha este espaço com uma escola, mas era só de SUP e ele estava a fim de mudar, de trazer para cá uma onda mais zen”, revela Lia, e André confirma. “O ambiente era de muita festa, mas o consumidor da festa não é um consumidor saudável. E não era isso que eu queria para o meu negócio. Saúde, família e desporto são os três pilares da minha vida, foi assim que fui educado e, para mim, é fundamental transmitir isso”, reforça o empresário, que reformulou o Emma em Abril de 2021. Desde então, tem investido cada vez mais quer na oferta gastronómica quer na oferta para as famílias.

Ténis de praia
DRTénis de praia, na Praia da Conceição

O Emma não é só um restaurante. É um clube familiar e, André vai ainda mais longe: “É um autêntico parque de diversões.” E convida a ficar na praia de manhã à noite, todas as estações do ano. No Inverno, quando saem os toldos, entram os campos de ténis de praia. Este ano, haverá até um torneio internacional, um BT200, da ITF (Federação Internacional de Ténis), de 19 a 22 de Outubro. “Temos cá a Liudmila [Nikoyan] a treinar connosco desde o ano passado.” Mas não só. Há outros atletas, inclusive olímpicos, a participar nas aulas ou a dar workshops. Basta estar atento à agenda ou tornar-se habitué da Praia da Conceição – o grande convite é precisamente esse. À mesa, além dos bestsellers do Verão passado, como as amêijoas (7€) e a salada de polvo (9,50€), destacam-se a sangria (6,5€-8€/copo, 14€-16€/jarro) e as novidades.

Ceviche
DRCeviche de robalo (11€)

Nas entradas, o ceviche de robalo (11€) e o camarão à guilho (11€), com vinho branco, puré de alho assado e geleia de piri-piri, têm feito furor. Já nos pratos principais, também não há dúvidas: o hambúrguer de lagosta (22€) e o trio de salmão (16€) são os preferidos dos clientes, ainda que não faltem propostas nem para amantes de carne, nem para vegetarianos. Para finalizar, o novo mil molhas caseiro (4,5€), com chantilly e morangos frescos. “A ementa é actualizada todos os anos e temos investido cada vez mais na cozinha tradicional portuguesa. Quando chegar o Inverno, vamos funcionar mais com as açordas e os arrozes de marisco e peixe, mas com originalidade. Queremos tudo, menos ser iguais aos nossos vizinhos. De forma positiva, claro.”

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