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Perto de 40 múpis espalhados por Campo de Ourique e imagens em circulação nas redes sociais fazem parte da campanha mais recente da Junta de Freguesia contra o “problema crónico de estacionamento ilegal”. Sem a pretensão de resolvê-lo, mas numa óptica de sensibilizar os munícipes, a iniciativa parte de situações reais de estacionamento em cima de passeios e outras irregularidades para chamar a atenção para os seus danos colaterais. O próprio presidente da Junta, Pedro Costa, e outros funcionários fotografaram, nos últimos meses, situações de estacionamento que violam o Código da Estrada. Posteriormente, as imagens foram trabalhadas por um criativo, que acrescentou peões ao cenário, mostrando como “um minuto não atrapalha ninguém, até atrapalhar”, como se lê na campanha.
O presidente Pedro Costa, que não recorre ao automóvel como meio de transporte habitual, sabe que Campo de Ourique tem-se tornado, há vários anos, num bairro difícil quanto ao estacionamento. No entanto, tal não justifica uma “tolerância excessiva por parte das autoridades”, diz à Time Out, criticando a “perda de qualidade na fiscalização”. Por outro lado, também os fregueses “pedem para fazer pressão sobre as autoridades no sentido de haver mais tolerância”, no sentido de evitarem a aplicação de multas.
Mas têm os residentes de Campo de Ourique onde estacionar? “Isso é outra questão”, responde o presidente, lembrando que há dois parques de estacionamento projectados pela EMEL (Empresa de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa) para a freguesia, mas que “não há meio de saírem do papel”. No seu mais recente comunicado sobre o assunto, em Janeiro de 2022, a empresa informou, no entanto, que apenas a construção da infra-estrutura do Pátio das Sedas está prevista para os próximos anos, neste caso, em 2024.
EMEL com filosofia mais "pedagógica" desde Março
Recorde-se que a EMEL começou em Março a implementar “uma nova filosofia” quanto à fiscalização, optando por um serviço mais “pedagógico” e uma empresa “mais próxima dos cidadãos”. O anúncio surgiu em Maio, na sequência da suspensão, por parte da Câmara Municipal de Lisboa (CML), do modelo de incentivos aos funcionários da EMEL pelo número de multas passadas. O sistema existia desde 2011, mas foi conhecido este ano por Filipe Anacoreta Correia, vice-presidente da CML com o pelouro da Mobilidade, que declarou ter ficado em “choque” com a situação. “Acho que precisamos, de facto, de uma nova cultura”, disse, então, o autarca.
A falta de lugares de estacionamento em Campo de Ourique é uma das principais queixas dos moradores do bairro, para a qual o actual presidente da Junta vislumbra apenas uma solução: a chegada do metropolitano à freguesia, prevista para até 2026, com a finalização da Linha Vermelha, também ela pouco consensual no que toca à localização de uma das estações planeadas, a do Jardim da Parada, desaprovada por mais de 10 mil moradores.
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