[title]
A história do NAV – Nunca Antes Visto, um espaço cultural e discoteca, recentemente aberto no edifício do antigo Rodízio Grill, mesmo em frente à Praça de Touros, no Campo Pequeno, é sobre resistência. Sebastião Dâmaso de Andrade, de 24 anos, é um jovem, entre outros que compõem a sua equipa, com a missão de contrariar o status quo e mostrar que ainda há espaço para novos projectos na cidade. Daí o nome: nunca antes visto, porque querem dar palco a artistas ainda desconhecidos, e a sigla nav, que lembra nave, nave espacial, porque querem ser uma rampa de lançamento para os mesmos.
“A minha geração estava a começar a ficar farta do comercial e bastantes outras associações culturais estavam a começar a fechar. Havia, de facto, uma procura e uma necessidade de projetos culturais que conseguissem ter estabilidade e criar impacto”, diz o responsável. “Já perdi imensos amigos que foram para o estrangeiro. Faltam projectos jovens que mostrem que estamos cá para ficar, para fazer coisas”, acrescenta. A veia contra-corrente desta equipa nota-se ainda na escolha da localização, pouco óbvia. “Ao ir para os sítios tradicionais vou estar a perpetuar a visão do comercial. E quero isto diferente. É uma área que não está associada àquele peso da noite”, esclarece.
A Sebastião não faltam ideias para dinamizar o espaço de vários andares, mas para já é na cave que tudo acontece – de concertos, a artes circenses, poesia, mas sobretudo noites de música electrónica. “O NAV não é só a noite, mas é a noite que financia o NAV”, explica. “Começámos como uma discoteca virada para a electrónica mais pesada, mas agora estamos numa de suavizar”, conta. Sempre com sangue novo na cabine.
O espaço mantém a estética de outros tempos, com a arquitectura de Maria José Salavisa ao estilo mediterrâneo, com várias áreas que servem diversos propósitos. Numa destas salas é provável que encontre bancas de roupa, acessórios, tatuagens ou até massagens; outra é uma zona lounge, com espaço para sentar; outra é uma pista de dança secundária. Ao fundo fica o DJ e a pista de dança principal. “As pessoas entram aqui e sentem que não estão a sair na típica discoteca, que é um retângulo. Isto é um espaço intimista. E é muito curioso porque a maior parte dos elogios aqui do NAV é ter espaço para sentar”, revela. “Temos um bom público. É engraçado porque o conceito é mais ou menos melting pot – vemos aqui pessoal de fato a dar-se como pessoal que está de malha, se for preciso, e estão a ter a melhor conversa das vidas deles. Gosto muito desse contraste. É muito natural”, garante.
Planos para o futuro há muitos, entre eles a abertura ao fim da tarde, para receber quem sai do trabalho. “Eventualmente gostávamos de fazer uma coisa mais lounge antes de abrir, mas ainda não temos bem logística para isso”, confessa. Eventualmente esperam alargar o espaço ao piso de cima, onde antes se serviam as refeições do Rodízio Grill, e aproveitar o amplo terraço para eventos diurnos.
Campo Pequeno 79 (Avenidas Novas). Sex-Sáb 22.00-04.00
+ Adeus, 2023. Olá, 2024. As festas de passagem de ano em Lisboa
+ Anda comigo ver os aviões e ouvir música electrónica no Prior Velho