[title]
"O nosso anfitrião deste ano, Portugal, trouxe uma grande palavra ao programa: alegria", disse no plenário de encerramento o fundador da Walk21, de seu nome, Jim... Walker. Poluição do ar, alterações climáticas, isolamento social, doenças causadas pela inactividade – "há uma lista deprimente de coisas para as quais as pessoas andarem a pé é parte da solução. Mas queremos mais do que isto, queremos alegria. Emoções. As pessoas no espaço público. Queremos passar da cidade funcional para a cidade relacional", explicou a uma plateia visivelmente entusiasmada (a avaliar pelos aplausos) com este balanço da conferência Walk21, a maior conferência internacional sobre mobilidade pedonal.
A fundação Walk21 é, desde o primeiro ano do século XXI, uma plataforma de criação e partilha de conhecimentos onde se pode ficar a conhecer diferentes projectos-piloto e práticas de diferentes cidades sobre temáticas relacionadas com a mobilidade pedonal. Todos os anos há uma cidade anfitriã e este ano Lisboa conseguiu trazer a conferência à cidade muito pelos projectos-piloto de referência que tem em curso de há dez anos para cá.
De 14 a 18 de Outubro, a Walk21 instalou-se no Iscte, com workshops, laboratórios, palestras em sessões paralelas, visitas técnicas e até a visita de dois extraterrestres que vieram à Terra estudar como usamos o espaço aqui e estavam bastante admirados com uma ferramenta chamada carro, que é usada poucas horas por dia mas ocupa permanentemente espaço na cidade, e acharam que os terráqueos estão a negligenciar espaço seguro e ao ar livre para as suas crias de terráqueo (pode ver um webinar com estes dois especialistas em mobilidade aqui).
Os dias foram preenchidos com as iniciativas, programas e estudos de caso de agências governamentais, de decisores municipais, de activistas e de especialistas das mais diversas áreas que abordaram os quatro temas deste ano: inclusividade (a cidade para todos), tornar o espaço público positivo (cativante e usado pelas pessoas), o imperativo climático (e.g. reduzir C02, combater ilhas de calor) e a boa governança (ter a pessoa que anda a pé no centro de todas as políticas governamentais e municipais).
"Não apareceram coisas de que nunca se tenha falado antes", disse em jeito de balanço à Time Out Pedro Nave, do Plano de Acessibilidade Pedonal da Câmara Municipal de Lisboa, "mas tem havido muitos, muitos exemplos de diversas abordagens e iniciativas, e isso é muito importante. Há aquele medo de avançar e falhar – 'Isto se calhar não vai funcionar'. E aqui podem ver: fez-se em Oslo e funcionou, fez-se em Paris e funcionou. Isto dá confiança para avançar com uma política."
A reforçar esse sentimento de confiança esteve o célebre especialista em planeamento urbano Paul Lecroart, que veio dar conta da verdadeira odisseia que foi, em 20 anos, transformar a mobilidade pedonal em Paris (até processos judiciais tiveram de enfrentar). Passo a passo, de ano para ano, as vias rápidas à beira-Sena foram sendo eliminadas e transformadas em passeios públicos pedonais e corredores verdes. Os 400 quilómetros de vias rápidas dentro do equivalente à Segunda Circular/Circunvalação em Paris foram transformados em avenidas pedonais ou ruas com duas faixas de trânsito local. Nesta que foi uma participação muito aplaudida incita: "Não tenham medo de ser radicais. Nenhum político perdeu eleições por tirar carros e dar espaço de qualidade às pessoas."
A Walk21 termina esta sexta-feira, 18 de Outubro, com visitas técnicas a diferentes locais de Lisboa, Braga, Porto e Cascais, relacionados com os quatro temas de 2024: inclusividade, espaço público positivo, o imperativo climático e a boa governança.
🪖 Este é o nosso Império Romano: siga-nos no TikTok
📻 Antigamente é que era bom? Siga-nos no Facebook