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Nesta pizzaria, cozinha-se com as mãos, come-se com as mãos e fala-se com as mãos

A uns bons metros de casa, na Ajuda, Rita Alambre abriu o Manápula. O restaurante é familiar, as pizzas é que não.

Beatriz Magalhães
Escrito por
Beatriz Magalhães
Jornalista
Manápula
© Francisco Romão PereiraManápula
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À entrada, quem nos recebe é Francisca, de 14 anos, filha da proprietária. Numa esquina, no pacato Largo da Paz, na Ajuda, o espaço não é muito grande. As paredes estão pintadas de verde, o tecto é trabalhado e as grandes portadas brancas das janelas estão abertas, deixando que a luz do dia invada o restaurante. É acolhedor e familiar, tal como uma casa deve ser. Da sua cozinha para o Manápula, Rita Alambre quis trazer o ambiente de casa, onde recebe amigos e família para comer. Aqui, a única diferença é que consegue sentar mais gente e tem um forno napolitano para fazer pizzas. Com trufa, presunto, pesto de pistáchio, ou alcachofras, Rita convida-nos a comê-las com as mãos, como deve ser.

Rita vive neste bairro há cerca de 15 anos. Tem 54 anos, é terapeuta, profissão que adora, mas a paixão pela cozinha levou-a a entrar no mundo da restauração. Em 2010, não muito longe daqui, em Belém, chegou a ter um negócio de wraps chamado Mr. Wrap, mas acabou por não resistir devido à crise. Mesmo assim, a vontade de ter um restaurante persistiu. “Eu sempre fiquei com o bichinho porque eu gosto, dá-me um prazer enorme receber pessoas, dar-lhes de comer e ver a cara delas no fim a acharem que estava tudo ótimo, é uma coisa que eu gosto muito de fazer”, conta Rita. Quando a proprietária viu o espaço disponível, arriscou e, em Março, abriu a pizzaria. E porquê pizzas? Simples. Além de adorar pizza, que podia comer todos os dias se pudesse, confessa, “é uma coisa super democrática, em termos de idades, em termos de nível socioeconómico. "Pensando que, ciclicamente, há uma crise, as pessoas pedem sempre pizzas, mesmo que estejam com menos dinheiro”, argumenta.  

Rita Alambre com a filha Francisca e a equipa do Manápula
© Francisco Romão PereiraRita Alambre com a filha Francisca e a equipa do Manápula

A acompanhar Rita, está o resto da família. O marido, que é gestor, juntamente com os filhos, genros e netos, também deram uma mãozinha. Tanto ajudaram no nome, que surgiu porque “amassamos a massa com as mãos, cozinhamos com as mãos, comemos com as mãos, falamos com as mãos”, como não se coibiram de dar a sua opinião acerca dos pratos. Este é um negócio familiar que não podia ter começado noutro sítio além de casa. Antes de passar para cozinha do Manápula, Rita organizou um jantar para dar a experimentar o que viriam a ser as opções que se encontram no menu. “Fizemos um jantar e, do nada, vejo-me com uma casa cheia de gente. Fizemos um autêntico festival da pizza e depois no fim, anotámos as votações de todos, as preferências de cada um, e acabei a ver gente a entrar em minha casa que eu nem conhecia.”

A carta foi pensada pelo casal Alambre. Tudo começou com a massa, que é de fermentação lenta, à qual se seguiram várias experiências para perceber o que resultava melhor em termos de toppings. Com a ajuda do pizzaiolo, Manun, algumas coisas foram afinadas, como é o caso dos molhos, de iogurte, picante e o pesto de pistáchio, que passaram a ser feitos por ele. Os ingredientes são locais e nacionais, à excepção dos queijos e enchidos, que vêm directamente de Itália. 

Rolinhos de pizza com molho de tomate, mozzarella fior di latte e ventricina
© Francisco Romão PereiraRolinhos de pizza com molho de tomate, mozzarella fior di latte e ventricina

Há dez pizzas há escolha, entre elas já há alguns bestsellers, como a de mão estendida (12,50€), com molho de tomate, mozzarella fior di latte, cebola roxa, presunto e mel; a com a faca e o queijo na mão (13,50€), com molho de tomate, mozzarella fior di latte, ricotta, grana padano e limão; a uma mão cheia (14€), com molho de tomate, mozzarella, cogumelos shiitake, fiambre e alcachofras; a de mão beijada (15€), com mozzarella fior di latte, creme de trufa, cogumelos shiitake, provolone, burrata e rúcula; e a mãos à obra (14€), com pesto de pistáchio, mozzarella fior di latte, tomate cherry, burrata e pancetta. A clássica margherita (12€) também não fica atrás. 

De mão beijada, com mozzarella fior di latte, creme de trufa, cogumelos shiitake, provolone, burrata e rúcula
© Francisco Romão PereiraDe mão beijada, com mozzarella fior di latte, creme de trufa, cogumelos shiitake, provolone, burrata e rúcula

Há ainda três opções de entradas, que incluem rolinhos de pizza com molho de tomate, mozzarella fior di latte e ventricina (5€) ou carpaccio de vitela com grana padano e rúcula (12€), e também três opções de saladas, com burrata, cebola caramelizada e molho de iogurte (12,50€), com salmão, alcaparras e molho vinagrete (13,50€), ou com presunto, burrata e molho de iogurte (13€). No que toca às sobremesas, duas delas são feitas por Rita, a terceira é encomendada a um conhecido seu. A dar a mão à palmatória (5,50€) inclui camadas de bolacha, creme de leite condensado e natas aromatizadas com café; a de mãos dadas (5,50€) é uma espécie de tiramisu e leva palitos de la reine, creme de mascarpone aromatizado com café; finalmente, a mão morta, mão morta, vá bater aquela porta (5,50€) é um fondant de chocolate gelado com suspiro caramelizado.

De mão estendida, com molho de tomate, mozzarella fior di latte, cebola roxa, presunto e mel
© Francisco Romão PereiraDe mão estendida, com molho de tomate, mozzarella fior di latte, cebola roxa, presunto e mel

Nesta fase, apesar de ter aberto o restaurante há relativamente pouco tempo, Rita garante que tem andado a pôr as mãos na massa e já pensa em novas criações para juntar à carta. Uma pizza de figos está nos planos, mas talvez já não aconteça este ano, já que se quer guiar pela sazonalidade dos produtos. Um dia destes, experimentou fazer uma pizza que, em vez de levar uma base de pesto ou tomate, levava um molho oriental, feito com molho de soja, vinagre de arroz e açúcar. Agora, falta saber o que pôr em cima. 

Dar a mão à palmatória, camadas de bolacha, creme de leite condensado e natas aromatizadas com café
© Francisco Romão PereiraDar a mão à palmatória, camadas de bolacha, creme de leite condensado e natas aromatizadas com café

Em Agosto, a zona da cozinha vai sofrer remodelações, porque, com o negócio a correr bem, a proprietária percebeu que precisaria de uma cozinha mais espaçosa. No futuro, o desejo é de expansão, mas com a certeza de que o Manápula do Largo da Paz continuará por cá, de portadas abertas e mesas cheias de amigos. 

Largo da Paz 1. 21 012 8542. Ter-Sex 12.00-15.00 e 19.30-22.30, Sáb-Dom 12.30-16.00 e 19.30-22.30

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