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Nestas ruínas, vai nascer o Teatro Zénite

O projecto parte do espectáculo ‘ZÉNITE’, criado por Sílvio Vieira. O espaço situa-se no vale do rio Trancão e será reaproveitado para fins culturais.

Beatriz Magalhães
Escrito por
Beatriz Magalhães
Jornalista
Teatro Zénite
© outro Associação Cultural Teatro Zénite
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Em 2021, uma antiga oficina de automóveis foi palco de Arena. Em 2023, Equador foi apresentada na Black Box do CCB. A partir de 27 de Junho, ZÉNITE encerra a trilogia de peças, assinada por Sílvio Vieira. A última dá vida às ruínas da Quinta da Barroca, em São João da Talha, onde nascerá, mais do que um espectáculo, um novo teatro – o Teatro Zénite. “Mobilado” com os entulhos das obras de requalificação do Teatro Nacional Dona Maria II, a antiga quinta conta ser um pólo cultural, pelo menos durante os próximos tempos. 

Após apresentar Arena na Garagem do Chile, surgiu a ideia para criar uma trilogia de espectáculos, em que o mote de cada um partiria do lugar onde fosse apresentado. Em Maio de 2022, ainda antes de estrear Equador, Sílvio Vieira, director da estrutura de investigação e criação artística outro, lançou a ideia para a terceira peça do projecto a Pedro Penim, director artístico do D. Maria II. Mais de um ano depois, em Agosto de 2023, começou então a procura pelo local para apresentar ZÉNITE

Acompanhado de Rafael Santos, responsável pela cenografia da peça, Sílvio Vieira explorou Lisboa e arredores em busca de zonas verdes, à beira-rio ou na serra. Até que, nas muitas voltas que deu, encontrou, no vale do rio Trancão, as ruínas da Quinta da Barroca. O espaço, a céu aberto, rodeado por uma paisagem verdejante e junto ao rio, é acedido através da passagem de um miradouro. Para o encenador, do ponto de vista dramatúrgico, “o espaço reúne uma série de possibilidades” – portanto “é quase como se fosse uma amálgama de tudo aquilo que nós gostávamos nos outros espaços”.

O terreno onde se encontram as ruínas da quinta constitui propriedade privada da empresa vinícola Casa Santos Lima que, para alívio de Sílvio Vieira, aceitou apoiar o projecto e ceder o espaço. O objectivo do criador é que o sítio – futuro Teatro Zénite – seja utilizado para fins culturais, o que, nos próximos tempos, parece ser possível. “Estamos num terreno privado, o que tem vantagens e desvantagens, e aquilo que fomos percebendo é que, se o terreno fosse público, nós não teríamos uma resposta até 2030, porque as coisas movem-se mesmo muito devagar em tudo o que é domínio público e a vantagem de ser um espaço privado é que conseguimos chegar às empresas e à pessoa responsável de uma forma mais rápida”, realça. 

Por outro lado, “estamos à mercê da vontade daquilo que querem fazer naqueles espaços, uma vez que estamos a falar de empresas com interesse económico e, se calhar, um dia querem pegar naquilo e fazer qualquer coisa.” No entanto, o encenador assegura que isto não é algo que lhe pareça que vá acontecer a curto prazo, já que a companhia de teatro tem um contrato renovável com a empresa no que toca à utilização do espaço. Para 2025, há já um sonho: criar um festival com uma programação emergente e variada. Porém, ainda é cedo para qualquer confirmação, até porque a prioridade de Sílvio Vieira, neste momento, prende-se com a importância de criar uma dinâmica de público para aquele sítio, que está fora do centro de Lisboa e, consequentemente, fora da rede cultural já estabelecida na cidade.  

A cenografia do espectáculo, produzido pela outro e co-produzido pelo Teatro Nacional D. Maria II no âmbito do ciclo Abril Abriu, inclui entulhos recolhidos das obras que estão a decorrer, neste momento, no Rossio. Apesar de o espaço beneficiar de uma infra-estrutura prévia, dentro do Teatro Zénite faltava um sítio para o público se sentar e, por isso, o entulho servirá para criar uma bancada, que poderá ser movida para outro local, se for essa a vontade. E carrega ainda uma carga simbólica, sendo que falamos de partes do edifício do D. Maria II. 

ZÉNITE estreia a 27 de Junho e pode ser vista até 21 de Julho, no Teatro Zénite, um espaço que espera vir a fazer parte do panorama cultural de Lisboa.   

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