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Neste jardim, não faltam cadeiras. Mas ninguém se senta nelas

Há 16 cadeiras que vale a pena ir ver de perto no Largo das Pimenteiras. São obras de arte e cada uma desempenha o seu papel.

Helena Galvão Soares
Jornalista
As cadeiras do Largo das Pimenteiras
Francisco Romão PereiraAlgumas cadeiras do Largo das Pimenteiras
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No Largo das Pimenteiras, em Carnide, há relva, árvores e... cadeiras. Muitas e estranhas cadeiras. A primeira a chamar-nos a atenção está suspensa no ar, tem uma estrela, um coração e um nariz de palhaço. Outra é uma cadeira-escadote, talvez para podermos subir por ele acima e chegar à Lua que está lá no alto. Numa outra, altíssima, as quatro pernas reduzem-se a duas, a lembrar umas andas. E há ainda mais uma, mais à frente, que diz Lídia. O que é isto afinal? Talvez seja melhor ir ver o que dizem as placas. “Dia Mundial do Teatro 2023. Homenagem a Lídia Franco”, lê-se em letras gordas. Por cima, uma citação: “Tirem-me tudo, menos o sentido de humor e a lucidez” – é a cara da actriz. 

A cadeira-nariz-de-palhaço é de João Ricardo; a cadeira-escadote, de Margarida Carpinteiro; e a cadeira em andas é de João Mota, com a frase “É preciso ter coragem”. Foi mesmo preciso tê-la, para em 1972, antes da Revolução, fundar A Comuna. A muito bonita cadeira que termina em ramos de árvore é dedicada a Maria do Céu Guerra: “Foge-se da infelicidade, combatendo-a... As pessoas nasceram para ser felizes, brilhantes e solidárias.” A cadeira engenhocas, com hélice, torneira e livros que dão o equilíbrio da perna em falta, é cheia de recursos, como o escritor e dramaturgo que homenageia: António Torrado, que muito falou de cadeiras. “Ao A. Torrado do J. Barros” pode ler-se na peça assinada por José Carlos Barros, marionetista e cenógrafo.

A cadeira de homenagem a António Torrado
Francisco Romão PereiraA cadeira de homenagem a António Torrado

Por fim, a cadeira de 2024, que ainda cheira a fresco: é a de José Raposo, inaugurada a 27 de Março (Dia do Teatro), totalizando-se 16 cadeiras agora. E de onde vem esta ideia? Vem de João Ricardo, durante anos actor e encenador do Teatro de Carnide. Pensou ele em todos os anos homenagear uma pessoa com percurso relevante no mundo do teatro com uma escultura que representasse um objecto cénico, criado por um artista plástico; e no Dia Mundial do Teatro colocar a escultura numa das ruas da freguesia. A Junta de Carnide adoptou e adaptou a ideia em 2008: todos os objectos cénicos ficaram no Largo das Pimenteiras e acabaram por ser cadeiras.

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