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Há um novo restaurante no Bairro Alto que casa o que de melhor se come em França com o que de melhor se bebe em Portugal a um preço simpático. E também vende produtos com CBD (uma das substâncias encontradas na planta da cannabis, conhecida pelos seus efeitos terapêuticos).
Passa despercebido por entre quem passeia pela Rua da Rosa, mas há duas semanas que o Legaaal – restaurante, loja de vinhos e loja de produtos com CBD – abriu portas. O projecto é de Guy-David Gharbi, um empresário francês que chegou há dois anos a Portugal. “Vim a Lisboa visitar um amigo e nunca mais voltei. Apaixonei-me pela cidade”, conta à Time Out. No Legaaal, um “restaurante familiar”, quis casar o melhor vinho português e a melhor cozinha francesa a um preço baixo. O nome de baptismo, aliás, quis espelhar isso mesmo. David foi buscar o “legal” ao português do Brasil, mas acrescentou dois a’s, “porque este é um restaurante de qualidade triple A”, explica entre gargalhadas.
Apesar de discreto por fora, o interior do restaurante enche os olhos – ainda antes de nos encher a barriga. A decoração é como uma colecção em progresso do francês, que diz já ter sido um negociante de arte. Numa vida passada, aquele balcão de pintura colorida descascada foi um barco. Em cima do balcão, uma peça do artista Arman (1928-2005) e, uns passos após a entrada, uma cadeira suspensa, valem, em conjunto, mais do que o próprio restaurante. Garrafas de vinho forram quase a totalidade das paredes e um graffiti cobre a única que sobra. O mobiliário é uma manta de retalhos: não há duas cadeiras ou duas mesas iguais.
Num dia habitual, David corre freneticamente pelo pequeno (e excêntrico) restaurante – usualmente cheio, animado e barulhento – com um grande sorriso talhado no rosto e uma piada na ponta da língua. Vai perguntando a quem se senta à mesa se está tudo bom e, ao ver expressões satisfeitas, assegura entusiasmadamente que tudo o que sai daquela minúscula cozinha “é top!”.
Ali, qualquer refeição começa com um “mimo”, oferta da casa, enquanto se bebe vinho (há cerca de 200 que podem ser pedidos a copo) e se espera pelo pedido. À mesa da Time Out chegou um cremoso mousseline de batata doce e cenoura. As entradas ainda levariam o seu tempo a chegar, afinal no Legaaal não há pressas em cima da mesa. O tempo-médio de uma refeição completa é uma hora: “Quando as pessoas chegam, digo-lhes logo ‘Cuidado, aqui é para comer devagar, não vão conseguir fazer uma refeição em 20 minutos. É para vir com tempo para relaxar, conversar”
Entre as entradas (6€), destacam-se o dueto de tartare de peixe, que se aparenta a um “mil folhas”, só que com o salmão e a dourada como protagonistas, e o carpaccio de vaca. Mas guarde algum apetite para os pratos principais, generosamente servidos, como o entrecosto com batata (14,50€) ou o colorido filetes de robalo com beterraba e batata doce (12,50€). E não vá embora sem provar o cheesecake (sem queijo e com frutos vermelhos) da casa (4€).
Antes de sair, pode ainda fazer umas pequenas compras. Mas porquê juntar um restaurante, uma loja de vinhos e uma loja de produtos com CBD? “Porque tudo junto é bom”, atira David, rindo-se. E acrescenta: “Abri isto só por diversão. Mas já me apercebi que nem tudo é diversão”. Após uma semana de actividade, assaltantes despiram a loja de 15 mil euros apenas em produtos com CBD. Também roubaram vinhos e vandalizaram o espaço. Mas, em quatro dias (“a trabalhar dia e noite”), o Legaaal voltou abrir portas, com paredes pintadas, vidros no sítio – mas com menos stock exposto na loja de CBD, que inclui sais de banho, comprimidos, óleos, cápsulas, infusões e cigarros electrónicos.
Caso planeie vir aqui a uma sexta ou sábado, convém fazer reserva – a casa costuma estar a rebentar pelas costuras.
Rua da Rosa, 237 (Bairro Alto). Ter-Sáb 12.00-02.00.