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Merve Pakyürek e Marc Kean Paker já gravitavam em torno de galerias, museus e feiras de arte contemporânea antes de se mudarem para Lisboa – ambos se formaram em artes e trabalharam no meio artístico durante vários anos. Quando chegaram, vasculharam o calendário de eventos da cidade à procura de um fim-de-semana dedicado à arte, formato que já existia em capitais europeias como Paris, Madrid e Bruxelas. “Ficámos muito surpreendidos por perceber que não havia nada do género, porque a cidade estava a crescer muito rápido e a cena artística estava a sofrer um boom”, comenta Merve, que em 2019 co-fundou o Lisbon Art Weekend (LAW) com Marc.
Depois de vários meses a observar de perto o circuito artístico lisboeta para avaliar o potencial da ideia, a dupla decidiu avançar com a criação do evento. O objectivo era “aumentar a visibilidade da arte portuguesa, alargar a audiência e, a longo prazo, atrair coleccionadores internacionais”. “Havia a necessidade de normalizar este tipo de experiências [junto de todo o tipo de público]”, afirma Marc Kean Paker sobre espaços que, muitas vezes, são vistos como formais e inacessíveis por quem não é da área. A primeira edição contou com 22 estruturas artísticas de Lisboa e foi um bom prenúncio. “Normalmente só vemos profissionais de arte nas inaugurações, e as galerias encheram-se.”
O Lisbon Art Weekend regressa de 13 a 15 de Novembro e, contrariamente ao que se poderia esperar de um ano particularmente esmagador para a arte e a cultura, está ainda maior. Este ano, o programa conta com 26 participantes, entre galerias comerciais, espaços geridos por artistas e associações culturais sem fins lucrativos, e com obras de mais de 80 artistas nacionais e internacionais. “Cada participante tem de organizar um evento durante este fim-de-semana”, explica Merve Pakyürek. Na primeira edição, ainda a apalpar terreno, o LAW acolheu, sobretudo, cocktail parties, conversas e performances.
Desta vez, já perfeitamente integrado na dinâmica artística da cidade, o LAW foca-se, primordialmente, em exposições individuais e colectivas, “grande parte delas inaugurações que se realizam no âmbito deste evento”. Há uma vasta selecção de obras em desenho, pintura, escultura, instalação e vídeo-arte de artistas como Ana Jotta (Galeria Miguel Nabinho), Fernanda Fragateiro (Galeria Filomena Soares), António Bolota (Galeria Vera Cortês), Ascânio MMM (Galeria 111), Ad Minoliti (Kunsthalle Lissabon), Kimiyo Mishima (SOKYO LISBON) e Mário Belém (Underdogs Gallery), entre outros.
O AZAN, espaço de arte independente situado no Tomaz Hipólito Studio, num armazém reabilitado de Marvila, vai abrir uma exposição colectiva onde dará a conhecer o trabalho de mais de 30 artistas nacionais e internacionais. Também a DUPLEX, plataforma independente criada e gerida pela artista Susana Rocha, apresenta obras dos seus artistas residentes, mas no formato open studio. Este é, aliás, um dos destaques da programação paralela, a par das conversas com os artistas, muitas delas relacionadas com as exposições a inaugurar.
Haverá, ainda, visitas guiadas em torno de alguns espaços participantes que têm o apoio da Fundação ARCO mas que, ao contrário do ano passado, serão realizadas virtualmente devido às circunstâncias. Foram gravados alguns vídeos que serão disponibilizados para visualização durante o evento, mas a ideia é “estender esta iniciativa além do evento”, revela Merve Pakyürek. Destacam-se, ainda, duas performances de Gustavo Sumpta e Daniel V. Melim, nas Carpintarias de São Lázaro e na MONITOR Lisbon, respectivamente.
Um dos momentos altos do fim-de-semana deverá ser a Conversa LAW, agendada para domingo, às 14.00, em que Paola Capata, directora da galeria MONITOR, a artista Rita GT e a curadora Cristina Sanchez-Kozyreva debaterão a experiência da arte online e offline. Tal como as visitas guiadas, a conversa será apresentada online através do Instagram e do canal de Youtube do evento. Além do reforço da programação digital, há lotação limitada em todos os espaços participantes, cujo horário foi estendido para evitar aglomerados. Face às novas restrições do recolhimento obrigatório, vários eventos acontecem sexta em vez de sábado e durante as manhãs de sábado e domingo. “Não queremos tornar a situação pior do que já está”, comenta Marc Kean Paker, que aconselha os visitantes a “dar um passeio pelas galerias mais próximas do seu bairro”.
“Se passarem em quatro ou cinco exposições, para nós é suficiente por este ano.” No futuro, o Lisbon Art Weekend quer ultrapassar o nome e desenvolver uma ligação contínua com o público ao longo do ano através de conversas e outras actividades relacionadas com arte contemporânea, nomeadamente para introduzir e atrair os mais jovens ao meio.
Vários locais e horários (consultar aqui). Entrada gratuita.
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