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O filme Capitão América: Admirável Mundo Novo chegou às salas de cinema portuguesas a 13 de Fevereiro e passados uns dias tornou-se o filme mais visto no fim-de-semana de estreia em Portugal, com mais de 60 mil espectadores. E nos Estados Unidos da América, onde se levantam vozes contra a “wokeness” do filme, o fim-de-semana de estreia não correu tão mal como se esperava.
Nesta nova aventura, não só o herói é negro (Anthony Mackie) como o vilão é Thaddeus Ross (Harrisson Ford), o presidente dos Estados Unidos e… o Red Hulk. Sim, um vilão vermelho, numa altura em que muitos vêem o presidente dos Estados Unidos como isso mesmo, numa referência à cor relacionada com o Partido Republicano norte-americano. E não tem sido pacífico, principalmente após Anthony Mackie ter dito o seguinte durante um evento de promoção do filme, no final de Janeiro: "Para mim, o Capitão América representa muitas coisas diferentes, e não acho que o termo 'América' deva ser uma dessas representações." As críticas começaram a surgir e, numa story do Instagram, o actor explicou o que quis dizer: "Deixem-me ser claro sobre isto: tenho orgulho em ser americano e assumir o escudo de um herói como o Capitão América é a honra de uma vida. Tenho o máximo respeito por aqueles que servem e que serviram o nosso país. O Capitão América tem características universais com as quais pessoas de todo o mundo se podem identificar”.
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Mas uma incursão pelos comentários nas publicações da página oficial do Capitão América no X (ex-Twitter) mostram que o assunto não é pacífico. Deixamos alguns exemplos: "Não ia ver o filme e definitivamente nunca irei, por o Anthony andar a despejar tretas woke sobre a América. Se odeias a América, vai-te embora”; ou “É absolutamente certo que não vou ver o novo Capitão América DEI. Ei, Anthony, o Capitão América representa a AMÉRICA, idiota. Boicotem este filme”, escreve outro utilizador da rede social, referindo as siglas que se traduzem em programas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI), actualmente debaixo de fogo nos Estados Unidos. Mas as críticas ao novo filme da Marvel chegam de outros quadrantes. Um artigo do The Guardian que disserta sobre este tema destaca, por exemplo, uma carta conjunta de algumas organizações culturais palestinianas, que apelam ao boicote, por outro motivo: a inclusão da super-heróina israelita Sabra, uma ex-agente da Mossad chamada Ruth Bat-Seraph. “Independentemente das mudanças superficiais que a Marvel possa fazer, a história racista anti-palestiniana da personagem e a sua representação de Israel como um estado de apartheid não podem ser branqueadas”, lê-se na carta.
Vale a pena recordar que o Capitão América é um super-herói criado durante a II Guerra Mundial e o alter-ego de Steve Rogers, um homem frágil que foi sujeito a um soro de supersoldado, numa experiência militar destinada a criar soldados imbatíveis. Viu pela primeira vez a luz do dia nos quadradinhos Captain America Comics #1, em 1941, e ao longo das várias décadas tornou-se um símbolo de esperança e de luta contra o mal. Chegados a 2025, o actor Anthony Mackie é o primeiro Capitão América negro do Universo Cinematográfico Marvel (UCM), o que gerou uma onda de indignação da turma “agora é tudo woke”. A verdade é que há 11 anos esta mudança foi explorada nos quadradinhos – Captain America (Vol.7), quando Sam Wilson, o super-herói Falcão, assume o manto de Steve Rogers, o Capitão América original. Interpretado por Chris Evans desde 2011, em sete longas-metragens, foi no filme Vingadores: Ultimato (2019) que Rogers passa o escudo a Falcão, mas é na minissérie Falcão e o Soldado do Inverno (2021) que Mackie, cujo personagem enfrenta um conjunto de inseguranças, se torna oficialmente no Capitão América.
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No entanto, a estreia nas salas de cinema não foi propriamente um desastre. Em Portugal, acabou por bater um recorde, mas estamos num território onde este debate não tem a expressão que encontra nos Estados Unidos, mesmo que algumas vozes tentem importar algumas das guerras culturais que dizem respeito ao país do Tio Sam. Muito provavelmente, o público português, e europeu, está mais interessado em sentar-se descansado no cinema a apreciar tiros, porrada e ases pelos ares. No fim-de-semana de estreia nos Estados Unidos, a bilheteira de Capitão América: Admirável Mundo Novo atingiu 88 milhões de dólares (cerca de 84 milhões de euros), segundo dados do BoxOfficeMojo, site especializado em dados sobre o desempenho financeiro de filmes no mercado global. Um número que, no fim-de-semana de estreia, coloca esta produção à frente de outros filmes da Marvel como As Marvels (46 milhões de dólares), Eternals (71 milhões), Thor: O Mundo das Trevas (85 milhões) ou mesmo Capitão América: O Primeiro Vingador (65 milhões), enumera a Forbes.
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