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A destreza com que William Vargas domina a faca, que a olhos leigos se confunde com uma catana, impressiona. Diz-nos o chef que foi feita por um artesão, aquando da abertura do Omakase Ri, em Alcântara, em meados de Junho. É com ela, e com as mãos, que trabalha o sushi, ao jeito tradicional, que é depois servido ao balcão, onde só cabem sete pessoas. “O estilo omakase significa deixar nas mãos do chef. Ri significa ‘got it?’, em japonês”, diz o chef brasileiro para justificar o nome deste restaurante — um projecto de Rishav Verma, também responsável pelo Aura Dim Sum, em Alfama.
A lembrar os bares de Tóquio, a luz é baixa e há apetrechos a neon a ornamentar o espaço. Numa das paredes da pequena sala está um graffiti com elementos da cultura japonesa, como um lutador de sumo e, claro, peças de sushi. É neste ambiente intimista que jantamos, com o chef William Vargas a fazer o espectáculo, com os seus meticulosos cortes de peixe, enquanto Gabriela Hatano brilha no campo das bebidas. Mas até chegarmos aqui, há todo um processo.
“Vou ao mercado de manhã, escolho os melhores produtos, faço o envelhecimento do peixe, as técnicas de cura”, enumera o chef. Tudo isto resulta num menu de 15 momentos (65€). “O menu muda todos os dias. O que temos sempre fixo é o atum e o tamago, uma omelete japonesa. O resto vai variando conforme o que houver de melhor”, acrescenta.
William Vargas tem apenas 25 anos, mas há quase dez que manuseia o peixe. “Comecei a trabalhar com 16 anos. Trabalhei no Brasil, em hotéis aqui em Lisboa, e recentemente trabalhei no Ikigai, perto da Avenida da Liberdade”, revela. Foi no Ikigai, entretanto fechado, que apurou a técnica da cura do peixe. “O envelhecimento do peixe é o mesmo processo da carne. É um envelhecimento a seco. Prolongamos a vida útil do peixe, trazendo nova textura e mais umami para a carne. Isto porque o peixe fresco não tem sabor. Nós acrescentamos sabor nesse envelhecimento”, elucida.
No dia em que a Time Out visitou o Omakase Ri, a refeição arrancou com um ikura, um caviar de salmão; um sashimi de lírio do Japão; e um tsumetai edamame, com carapau e gengibre. Para os momentos seguintes somos aconselhados pelo chef a largar os pauzinhos e a usar as mãos para os niguiris, que nos chegam com os mais variados peixes, entre os quais o shima-aji (aqui com yuzo), o pregado, e três partes do atum — otoro e chutoro, partes da barriga, e akami, a peça mais magra do peixe. Das últimas peças servidas destacam-se o niguiri com vieira e trufa e um maki (um rolo) com omelete japonesa. Quem quiser adicionar uma peça extra pode fazê-lo por 8€. Para uma experiência mais completa, pode sempre optar pelo pairing de saké (30€).
Rua de Alcântara, 13 A (Alcântara). Ter-Sáb 19.00 ou 21.30. 65€ o menu, mais 30€ com pairing de saké.
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