Notícias

No Soul Burguer, os hambúrgueres são uma homenagem a artistas negros

Abriu no Chiado e tem uns hambúrgueres que têm tanto de vistosos como de gulosos. Mas nem só de comida vive o Soul Burguer, que se afirma como um espaço anti-racista e anti-preconceito. Na playlist, reina a música de artistas negros.

Cláudia Lima Carvalho
Editora de Comer & Beber, Time Out Lisboa
Soul Burguer
Mariana Valle Lima
Publicidade

Pode um restaurante ser um espaço de afirmação política? João Carlos não tem dúvidas, de tal forma que quase se pode dizer que no Soul Burguer a comida é o complemento da mensagem. Quando o idealizou era para ter acontecido no Brasil, mas o contexto actual acabou por trazer este “cozinheiro anti-fascista” para Portugal. O espaço no Chiado foi a oportunidade que precisava para pôr de pé este Soul Burguer, um ponto de encontro inclusivo, com boa comida.

Soul Burguer
Mariana Valle Lima

“A minha ideia é realmente juntar gastronomia – o hambúrguer – e arte. Queremos movimentar a cena como a gente puder”, diz o brasileiro, que também dá espaço a artistas para criarem aqui uma pequena exposição – Tereu, que assina o grande mural que dá vida ao espaço, é o artista que se segue. A música negra dá o mote. As vozes que ouvimos das colunas são negras, os nomes dos hambúrgueres são de artistas negros. “[O restaurante] é totalmente ligado à musicalidade, principalmente a black music – r&b, hip-hop, soul, funk, reggae –, tudo o que é música black a gente agrega aqui no nosso conceito”, explica João Carlos, formado em Gastronomia no Rio de Janeiro. “Lá, eu trabalhava com eventos, principalmente com carnes. No Brasil, a gente tem uma cultura de churrasco muito forte”, acrescenta. “Estava procurando o que fazer dentro do mercado e houve essa oportunidade de abrir aqui. Trouxe um pouco da minha essência com a parte musical, que eu curto, e com a comida boa, que é o que mais importante.”

Soul Burguer
Mariana Valle LimaOtis (onion bacon, com creme de cheddar e farofa de bacon)

E na comida, não tem como enganar. Os hambúrgueres – nove – são o destaque. Há o Stevie (11,50€), por exemplo, com 180g de blend bovino, candy bacon, queijo gouda panado, sweet chili e maionese de ervas, e um inusitado Otis (10,50€), em que o onion ring dá lugar a um onion bacon, com creme de cheddar e farofa de bacon – por mais três euros é possível adicionar umas batatas fritas caseiras e gulosas e bebida. 

Soul Burguer
Mariana Valle LimaStevie (180 g de blend bovino, candy bacon, queijo gouda panado, sweet chili e maionese de ervas)

“Geralmente, você paga caro por um hambúrguer pequeno e às vezes nem tão bom assim. Tem uma coisa brasileira nos nossos hambúrgueres, e não é só o tamanho, acho que tem influências da comida brasileira, na maneira de preparar, no nosso tempero, que isso com certeza diferencia-nos”, justifica o cozinheiro. “É tudo artesanal”, aponta ainda, explicando que apenas o pão não é feito em casa por uma questão de logística. “Não tem muito espaço útil para fazer o pão aqui”, diz, destacando também as batatas. “A gente corta, pré-frita e frita.” E são servidas depois com cheddar e uma farofa de bacon. Uma dose (5,50€) é perfeita para partilhar, ou para servir de acompanhamento a uma cerveja se o plano não for almoçar ou jantar. Sendo que existem outros snacks como dadinhos de tapioca, com queijo parmesão e geleia de pimenta (6€), asinhas de frango (5,50€), bolinha de queijo (6,50€) ou até mac 'n' cheese (5,50€).

Soul Burguer
Mariana Valle LimaBatatas fritas com cheddar e farofa de bacon

Com o tempo, é possível que o menu vá sofrendo algumas alterações, até porque João Carlos ainda está a estudar a zona. “A nossa carta até já teve mudanças desde que abriu e a ideia é ser totalmente sazonal. [Além disso,] quando surgir algo que eu acho interessante adicionar, a gente vai mudar. A ideia é sempre essa, trazendo o nome de referências a outros artistas e tal”, continua o cozinheiro para quem “tudo é política”, até mesmo a cozinha. “Tudo o que você faz acaba sendo politizado pelo que você acredita. A gente é totalmente pro diversidade, a nossa ideia é trazer gente de tudo quanto é tipo, então não teria como ser diferente”, assegura. “Se o nosso conceito é ligado à black music, a gente tinha de ser anti-racista, anti-preconceito.” 

Rua António Maria Cardoso, 15 (Chiado). 93 451 5445. Qua 12.00-22.00, Qui 12.00-23.00, Sex 12.00-00.00, Sáb 17.00-00, Dom 17.00-23.00

No Jardim do Senhor Lisboa, a inspiração vem da Dinamarca e os vegetais são as estrelas

Últimas notícias

    Publicidade