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O sítio é pequeno e quase passa despercebido, não fosse um cartaz na Rua da Escola Politécnica com o nome que chama imediatamente à atenção, “Sujamãos”, e logo abaixo a exclamação: “É do cachaço!”. Virando o olhar para onde aponta, para a Rua do Monte Olivete, avista-se a pequena esplanada de um lado e as portas abertas no número 71, do outro, de onde saem imperiais, pratos de croquetes e sandes de cachaço.
![Sujamãos](https://media.timeout.com/images/105807175/image.jpg)
A carta é pequena e não tem que enganar: para comer há apenas sandes de cachaço, croquetes de cachaço e sopa. E o difícil, provavelmente, vai ser ficar-se apenas por um croquete e uma sandes, de tão gulosos que são. O nome do espaço também não é só para abrir o apetite: aqui sujam-se realmente as mãos. Ora se engorduram os dedos com o molho da sandes, ora é a carne que quase cai do pão e que obriga a uma ligeira ginástica rítmica entre mãos e boca.
“Eu sempre adorei cachaços e cozinhava muitas vezes em casa. E no dia seguinte quando me perguntavam o que queria almoçar, era sempre a mesma coisa: uma sandes de cachaço, para aproveitar os restos, com uma carcaça das tradicionais torrada e mostarda”, começa por contar Luís Cabral, que abriu o Sujamãos com João Arbués Moreira. Depois de uma vida dedicado à gestão, decidiu que estava na altura de parar, mas ficar em casa não seria do seu feitio. “Achei que o que me apetecia fazer agora era uma coisa destas, um espaço com boa música, onde se bebessem umas imperiais, se comessem umas sandes de cachaço e se sujassem as mãos”, diz. “Para mim, sempre foi uma iguaria.”
![Sujamãos](https://media.timeout.com/images/105807178/image.jpg)
As imperiais (1,50€) têm um preço difícil de bater na zona no Príncipe Real, os croquetes (1,30€) podem ser pedidos normais ou picantes e as sandes (4,50€) vêm recheadas com pedaços de cachaço de porco bem tenro e suculento – não são picantes para que possam servir a todos, crianças inclusive. Mas não falta mostarda e tabasco na casa.
Para Luís, há aqui “um conceito de uma tasca do antigamente onde se come barato e se come bem”. A carne é cozinhada lentamente, ao longo de sete horas, embebida num molho que Luís garante ter muita ciência – “antigamente fazia a olho e hoje em dia eu sei quantos dentes de alho leva, quantas folhas de louro, quantos mililitros de azeite, de vinho, etc”.
![Sujamãos](https://media.timeout.com/images/105807182/image.jpg)
“Acho que em Lisboa não havia um sítio específico para estas sandes. O Porto tem mais este culto”, aponta o gerente, destacando como este restaurante pode ser perfeito para qualquer hora. Dá tanto para almoçar como para trincar qualquer coisa quando a fome aperta, um lanche ajantarado ou um jantar fora de horas. “Além disso, é muito sustentável, praticamente não tenho desperdício porque se assar três cachaços para hoje e sobrar um, congelo para ir para croquete”, explica. O mais difícil foi chegar ao pão perfeito. Foi preciso experimentar vários, até encontrar umas carcaças feitas em forno de lenha que Luís garante voltar a ser criança quando as come. “Parecem as carcaças do antigamente.”
Para sobremesa, já com as mãos limpinhas, há um bolo de chocolate (3€), cremoso e intenso qb.
Rua Monte Olivete 71 (Príncipe Real). Seg-Dom 12.00-23.00.
+ O Solar dos Presuntos está maior, mais moderno e até tem uma esplanada com um Vhils
+ Nas mãos do chef: no Kappo a única regra é confiar no que vai comer