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No Sujamãos, as imperiais são baratas e as sandes de cachaço de lamber os dedos

Abriu no Príncipe Real um restaurante pequeno, com esplanada, que vende apenas croquetes e sandes de cachaço.

Cláudia Lima Carvalho
Editora de Comer & Beber, Time Out Lisboa
Sujamãos
Mariana Valle Lima
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O sítio é pequeno e quase passa despercebido, não fosse um cartaz na Rua da Escola Politécnica com o nome que chama imediatamente à atenção, “Sujamãos”, e logo abaixo a exclamação: “É do cachaço!”. Virando o olhar para onde aponta, para a Rua do Monte Olivete, avista-se a pequena esplanada de um lado e as portas abertas no número 71, do outro, de onde saem imperiais, pratos de croquetes e sandes de cachaço.

Sujamãos
Mariana Valle Lima

A carta é pequena e não tem que enganar: para comer há apenas sandes de cachaço, croquetes de cachaço e sopa. E o difícil, provavelmente, vai ser ficar-se apenas por um croquete e uma sandes, de tão gulosos que são. O nome do espaço também não é só para abrir o apetite: aqui sujam-se realmente as mãos. Ora se engorduram os dedos com o molho da sandes, ora é a carne que quase cai do pão e que obriga a uma ligeira ginástica rítmica entre mãos e boca. 

“Eu sempre adorei cachaços e cozinhava muitas vezes em casa. E no dia seguinte quando me perguntavam o que queria almoçar, era sempre a mesma coisa: uma sandes de cachaço, para aproveitar os restos, com uma carcaça das tradicionais torrada e mostarda”, começa por contar Luís Cabral, que abriu o Sujamãos com João Arbués Moreira. Depois de uma vida dedicado à gestão, decidiu que estava na altura de parar, mas ficar em casa não seria do seu feitio. “Achei que o que me apetecia fazer agora era uma coisa destas, um espaço com boa música, onde se bebessem umas imperiais, se comessem umas sandes de cachaço e se sujassem as mãos”, diz. “Para mim, sempre foi uma iguaria.”

Sujamãos
Mariana Valle Lima

As imperiais (1,50€) têm um preço difícil de bater na zona no Príncipe Real, os croquetes (1,30€) podem ser pedidos normais ou picantes e as sandes (4,50€) vêm recheadas com pedaços de cachaço de porco bem tenro e suculento – não são picantes para que possam servir a todos, crianças inclusive. Mas não falta mostarda e tabasco na casa. 

Para Luís, há aqui “um conceito de uma tasca do antigamente onde se come barato e se come bem”. A carne é cozinhada lentamente, ao longo de sete horas, embebida num molho que Luís garante ter muita ciência – “antigamente fazia a olho e hoje em dia eu sei quantos dentes de alho leva, quantas folhas de louro, quantos mililitros de azeite, de vinho, etc”. 

Sujamãos
Mariana Valle Lima

“Acho que em Lisboa não havia um sítio específico para estas sandes. O Porto tem mais este culto”, aponta o gerente, destacando como este restaurante pode ser perfeito para qualquer hora. Dá tanto para almoçar como para trincar qualquer coisa quando a fome aperta, um lanche ajantarado ou um jantar fora de horas. “Além disso, é muito sustentável, praticamente não tenho desperdício porque se assar três cachaços para hoje e sobrar um, congelo para ir para croquete”, explica. O mais difícil foi chegar ao pão perfeito. Foi preciso experimentar vários, até encontrar umas carcaças feitas em forno de lenha que Luís garante voltar a ser criança quando as come. “Parecem as carcaças do antigamente.”

Para sobremesa, já com as mãos limpinhas, há um bolo de chocolate (3€), cremoso e intenso qb. 

Rua Monte Olivete 71 (Príncipe Real). Seg-Dom 12.00-23.00.

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