Notícias

No Tivoli, há mais de 1000 balões para ver. Mas só duram oito horas

A instalação é, pela primeira vez, aberta ao público. A autora é a brasileira Flávia Junqueira, que leva os seus balões a teatros de vários pontos do mundo.

Beatriz Magalhães
Escrito por
Beatriz Magalhães
Jornalista
'Theatros' no Teatro Amazonas
DR'Theatros' no Teatro Amazonas
Publicidade

Quem disse que um teatro serve apenas para nos sentarmos de olhos postos no palco? Nos seus primórdios, estas salas podem ter sido concebidas unicamente para desempenhar essa função, mas um teatro é, acima de tudo, um lugar de exposição, não só de pessoas, mas também de coisas. Pelo menos na visão de Flávia Junqueira, razão pela qual quis imortalizá-lo. Através do projecto Theatros, a artista corre teatros do mundo inteiro para enchê-los de balões. Chegam a ser milhares de cada vez e o resultado costuma ser apresentado em fotografia. No próximo sábado, Flávia vem instalar os seus balões no Tivoli e, pela primeira vez, deixa-nos entrar para ver. Mas só durante oito horas. 

Flávia Junqueira nasceu em São Paulo, onde vive e trabalha hoje em dia. É formada no curso de Artes Plásticas da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), ao qual se seguiram um mestrado em Poéticas Visuais, na Universidade de São Paulo (USP), e um doutoramento em Artes Visuais, no Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Desde pequena que sempre gostou de pintar e de desenhar e, apesar de ainda ter frequentado Direito na faculdade, logo percebeu que queria ser artista. O seu trabalho, que inclui fotografia e instalação, é, em grande parte, inspirado pelas temáticas associadas à infância e ao lúdico e, por isso, há elementos que se destacam, como é o caso de carrosséis, bolhas de sabão ou figuras animadas. Já os balões ganharam uma casa no teatro.

'Theatros' no Teatro Colón em Bogotá
DR'Theatros' no Teatro Colón em Bogotá

O fascínio pelo teatro e pela cenografia teatral levou a artista plástica a desenvolver Theatros, um projecto que começou com a vontade de catalogar os teatros históricos mais importantes do Brasil. À medida que a obra ganhou reconhecimento, Flávia foi convidada a apresentá-la em teatros na Europa, como por exemplo o Grande Teatro do Liceu em Barcelona (2022). Como “pontos de cor”, os balões habitam a sala e procuram levar-nos a reflectir acerca da sua durabilidade dentro de um espaço que, à partida, durará vários anos. “A durabilidade do balão é mais ou menos de oito a 12 horas, então eu coloco ele dentro de espaços que são patrimónios culturais e históricos, arquitecturas que foram feitas para durar gerações, para contar uma história às pessoas acerca dessa relação entre algo muito efémero dentro de algo que é muito duradouro”, explica a artista, em conversa com a Time Out, dias antes de apresentar a obra em Lisboa.

Os balões são feitos de látex biodegradável e, quando a instalação chega ao fim, eles são devolvidos à fábrica com a qual Flávia trabalha e são reutilizados para produzir novos balões. O facto de serem feitos deste material também leva a que os balões durem menos do que oito horas cheios, daí que a apresentação da obra no Tivoli tenha precisamente a duração de oito horas. Cá, deu-se então a oportunidade do público entrar no teatro e ver a obra ao vivo. A exposição faz parte das comemorações dos 100 anos do teatro da Avenida da Liberdade. E, apesar da montagem ser semelhante em todos os teatros por onde Flávia já passou, adianta que esta instalação não será igual às outras.

'Theatros' no Teatro Ouro Preto no Brasil
DR'Theatros' no Teatro Ouro Preto no Brasil

Além dos balões serem colocados a distâncias e alturas diferentes, as novidades prendem-se com a utilização de uma máquina de fumo e de luzes. “Cada teatro tem uma estética, um visual, e a partir de cada teatro, eu defino quais são as cores que vão ser utilizadas e quais os balões. A gente tem vários tipos de balões, vários tipos de tamanhos, tem balão com brilho, opaco, com estampa, transparente… A partir do lugar, eu penso quais são os balões”, continua. No Tivoli, onde se contarão mais de 1000 balões, “vamos trazer cores que são da cortina do teatro, das cadeiras, das luzes” e, por isso, os tons, em azul e prata, fazem alusão ao próprio espaço.

Antes da chegada a Lisboa, a artista plástica confessa-se entusiasmada com a exposição aberta ao público no próximo sábado, 27 de Julho, e prevê uma experiência positiva, não só para o público, mas também para si. “A foto é só uma visão frontal e planificada, e, dessa maneira, as pessoas vão poder entrar no teatro, vão poder andar pelas cadeiras, pelas rampas, vão poder sentar e ficar contemplando, ou subir no segundo andar. Elas podem ficar andando e olhando da maneira que quiserem, as pessoas vão ter liberdade para olhar essa imagem da maneira que quiserem.”

Teatro Tivoli. 27 Jul. Sáb 10.00-18.00. Entrada mediante donativo que reverte a favor da APOIARTE – Casa do Artista

Siga o canal da Time Out Lisboa no Whatsapp

+ Viagem ao centro do Mude: reservas abertas, a gaiola de aço e uma nova vista sobre Lisboa

Últimas notícias

    Publicidade