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Campo de Ourique tem os seus atractivos no que toca a compras. Não é de agora que o bairro soma umas quantas montras — da moda infantil à decoração, sem esquecer as lojas de tecidos, verdadeiros ex-líbris destes quarteirões. No final do último ano, assistiu-se a mais duas inaugurações. Uma delas é a Nomade, um espaço reservado ao trabalho de artesãos portugueses, italianos e franceses, brindado pela luz do sol, mesmo quando descemos até à cave.
Tudo aquilo em que tocamos pode ser levado para casa — o lema impera entre os artigos, na maioria, feitos à mão: velas, vidros soprados, candeeiros de papel, mobiliário, mantas, joalharia, estacionário, têxteis e tapetes, entre outras opções de decoração. Hayet Graham é a curadora de serviço. Depois de uma primeira experiência como turista, trocou Londres por Lisboa e canalizou a formação em Arte para montar o próprio negócio.
Hayet define o espaço como uma "loja viva", onde todos os autores são bem-vindos e as novidades vão chegando, não fechando a porta a encomendas especiais e criações à medida de cada cliente. Há um critério decisivo: seleccionar só artesãos que trabalham de forma sustentável, com produtos recicláveis e que envolvem a comunidade local. Destaque para nomes como Paola Navone, João Maria Bernardino e Martinho Pita e para etiquetas como a Caravane, marca francesa de têxteis e decoração pela primeira vez em Portugal, mas também Wewood, Saudade Design e Sopro Jewellery.
Entre marcas e artesãos, Hayet Graham assume a paixão pelas peças tradicionalmente portuguesas e de autores nacionais. Neste momento, a montra de arte e artesanato já abrange Lisboa e Porto, mas também o Alentejo e o Algarve.
Uma Cantik: uma viagem ao outro lado do mundo
Num outro quarteirão do bairro, a proposta é mais exótica. Depois de mais de dois anos a venderem exclusivamente online, a clientes finais mas também para lojas em toda a Europa, o negócio de Marta Vieira e Bram Vingerling ganhou uma porta aberta para a rua. Agora instalada em Campo de Ourique, a Uma Cantik é uma montra do artesanato vindo do outro lado do mundo, mas não só.
"Conhecemo-nos em Timor, de onde partimos para o México também em trabalho. Mas sentimos falta da Ásia e acabámos por voltar", recorda Marta, enquanto dá a conhecer os cantos à nova loja. O casal, ela uma portuguesa do universo da gestão e ele holandês especializado em direitos humanos, pararia depois em Bali onde o apelo do artesanato falou mais alto. Quando deram por eles, tinham um contentor cheio de peças a caminho de Portugal. "Conhecemos os fornecedores locais e criámos relações com as cooperativas familiares", continua.
Mas os detalhes das peças e os pedidos para vê-las ao vivo acabaram por ditar a abertura da primeira loja. Os abat-jours em palhinha e as decorações de parede feitas com alang alang (vegetação que, depois de seca, é usada em artigos de artesanato) são os grandes sucessos de vendas, mas neste bazar encontramos muito mais opções de decoração: estatuetas em pedra, taças e tigelas em madeira ou casca de coco, um sortido de caixas revestidas de missangas e uma selecção de cerâmicas marroquinas alinhadas com o registo das restantes escolhas.
A abertura de uma loja física fê-los adicionar algumas novidades ao catálogo. É o caso dos móveis, também eles vindos directamente da Indonésia, das flores secas, um extra para quem procura a Uma Cantik para soluções rápidas de decoração, e uma aposta ainda tímida no ramo dos têxteis para a casa. Nos próximos tempos, Marta e Bram querem diversificar esta montra e fazer dela um chamariz, dentro do bairro e fora dele.
Nomade: Rua Silva Carvalho, 50C (Campo de Ourique). Qua-Sex 14.00-19.00 e Sáb 11.00-17.00.
Uma Cantik: Rua Azedo Gneco, 45A (Campo de Ourique). 21 387 0284. Ter-Sáb 10.00-14.00 e 15.00-19.00.
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