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Nova atracção no Terreiro do Paço: conheça a grande epopeia do bacalhau

Está concluída uma das fases do Novo Cais de Lisboa. O Centro Interpretativo da História do Bacalhau inaugurou esta quarta-feira, 22 de Julho, no Torreão Nascente do Terreiro do Paço.

Renata Lima Lobo
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Renata Lima Lobo
Jornalista
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Pode ser da Noruega ou da Islândia, mas é património gastronómico português. E foram muitos os pescadores que sofreram nos mares do Norte, pescando bacalhau à linha em pequenos botes, conhecidos por dóri, muitas vezes no meio de um nevoeiro (e silêncio) cerrado. Mas a história destes bravos aventureiros é desconhecida para muitos portugueses que agora têm a oportunidade de saber mais sobre a chamada “faina maior”, uma história com dimensão cultural e também política.

Os organizadores deste projecto são a Câmara Municipal de Lisboa (CML) e a Associação de Turismo de Lisboa (ATL), aos quais se juntou um conjunto de parceiros de peso: o Newsmuseum, responsável pelo projecto de experiência do visitante, bastante interactivo; e o Museu Marítimo de Ílhavo, localizado na verdadeira capital do bacalhau em Portugal, que emprestou preciosos objectos do seu espólio, utilizados na pesca do bacalhau. O projecto de arquitectura é assinado por Tiago Silva Dias, enquanto que o historiador Álvaro Garrido é o homem do leme do Comissariado Científico.

A visita começa no espaço Mercearia, junto à bilheteira, a loja do centro interpretativo, onde encontra vários artigos alusivos ao bacalhau, alguns em parceria com a Lugrade e a Terra do Bacalhau, empresas especializadas em bacalhau da Noruega e Islândia. Existe ainda uma zona de corte e venda de bacalhau, uma zona de estar com livraria e mais uma para degustação de petiscos, como os clássicos pastéis de bacalhau.

Centro Interpretativo da História do Bacalhau
©Câmara Municipal de Lisboa

Mas assim que compra o bilhete, tem acesso à odisseia nos “mares do fim do mundo”, (como os baptizou Bernardo Santareno no título da sua obra de 1959). A visita começa no piso 0, onde mora a área O Mar. É aqui que recuamos séculos para contar a história que começou na Terra Nova (hoje no Canadá), uma faina que se iniciou no século XV e que chegou a provocar um conflito territorial com a Inglaterra e a Dinamarca.

É na sala A Saga que, num livro gigante, pode conhecer a narrativa da lendária pesca dos portugueses no Atlântico Norte, num espaço partilhado com uma selecção de objectos históricos utilizados na pesca do bacalhau, cedidos pelo Museu Marítimo de Ílhavo. Na sala O Adeus, que explora a dimensão humana desta pesca longínqua, é possível viver uma experiência única. Num espaço onde só entra um visitante de cada vez, existe uma experiência imersiva onde pode sentir, por um minuto, a solidão dos pescadores a bordo de uma réplica de um dóri (na imagem de destaque). E sim, vai sentir muito frio.

Segue-se a sala da Frota Branca, onde são recriadas histórias do trabalho a bordo, com testemunhos em discurso directo de pescadores, bem como o famoso Creoula, veleiro construído nos anos 30 do século passado e que fez muitas campanhas de pesca do bacalhau na Terra Nova e na Gronelândia. Desde 1986 que pertence à Marinha Portuguesa e está a ser recuperado para também ser visitado junto ao Tejo. Ao lado, o espaço Propaganda, que conta como o Estado Novo se aproveitou do tema como o grande regresso ao mar dos portugueses, após a era dos Descobrimentos.

Associado ao Centro Interpretativo da História do Bacalhau existe agora o Terra Nova (antigo Populi), um restaurante temático onde o bacalhau é o protagonista.

Centro Interpretativo da História do Bacalhau
Centro Interpretativo da História do Bacalhau©Câmara Municipal de Lisboa

Subindo as escadas, o foco volta-se para a gastronomia, num piso baptizado de À Mesa. Aqui encontra uma mesa de degustação virtual, onde aprende como o bacalhau entrou na nossa gastronomia, com a ajuda de um vídeo que conta com figuras como Maria de Lourdes Modesto ou Justa Nobre. Do outro lado, a sala Bacalhau 20.20 explica a actualidade na pesca do bacalhau, a sua reinvenção gastronómica e a sustentabilidade ambiental e a poucos passos deste espaço pode contribuir com a sua própria receita. É na interactiva Enciclopédia do Bacalhau, certificada pela Confraria Gastronómica do Bacalhau, que pode enriquecer este património com a sua receita, ou aquela da avó que era mesmo de comer e chorar por mais. A visita pode ser acompanhada por uma aplicação disponível para Android e iOS.

Centro Interpretativo da História do Bacalhau
©Câmara Municipal de Lisboa

O projecto Novo Cais de Lisboa, que termina a reabilitação da frente ribeirinha entre o Cais do Sodré e Santa Apolónia, inclui ainda a requalificação da Estação Fluvial Sul e Sueste (mantendo as linhas de Cottinelli Telmo), a retirada do aterro do Cais das Colunas, a reabilitação da Doca da Marinha e a reconstrução do Muro das Namoradeiras. Um investimento total de 24 milhões de euros, financiado por verbas do Fundo de Desenvolvimento Turístico de Lisboa.

Torreão Nascente do Terreiro do Paço. Seg-Dom 10.00-20.00. Bilhete normal: 4€

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