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Nova temporada do CCB aposta em mais teatro com Tiago Rodrigues e Artistas Unidos

A rentrée promete mais teatro, muita música e um maior diálogo com as artes performativas e visuais. A programação para crianças e os ciclos de saber e pensamento também não foram esquecidos.

Beatriz Magalhães
Escrito por
Beatriz Magalhães
Jornalista
Há qualquer coisa prestes a acontecer
© João Octávio PeixotoHá qualquer coisa prestes a acontecer
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Este mês arranca uma nova temporada no CCB. Com uma maior aposta no teatro, o espaço cultural leva a Belém nomes internacionais e nacionais. Além das peças, os palcos são ainda tomados por concertos, não só de música clássica, mas também jazz e música experimental, e por espectáculos de dança. Há ainda a vontade de criar um segmento dedicado às artes performativas e visuais, em conjunto com o MAC/CCB, e de manter os ciclos de leitura e de pensamento, bem como os programas virados para os mais novos, nos quais se destaca a Fábrica das Artes.

A pensar precisamente no teatro, a temporada arranca com Depois do Silêncio, da autoria de Christiane Jatahy. “O CCB não tinha uma abertura de temporada com um projecto que também determinasse o que é que seria o seu trabalho em termos de futuro. Portanto, eu escolhi a Christiane Jatahy e o seu espectáculo que faz parte da Trilogia do Horror”, começa por dizer Aida Tavares, directora artística para as Artes Performativas e Pensamento do CCB, ao telefone com a Time Out. A obra, apresentada nos dias 14 e 15 de Setembro, propõe olhar para o passado esclavagista e para a escravatura, especificamente no Brasil, de forma a relacionar o passado com o presente e abrir caminho para o futuro. 

“A minha marca tem mais a ver, neste momento, com esta abertura e com uma programação de teatro mais intensa do que aquilo que era normal no CCB”, o que também levou a que o número de récitas aumentasse. Entre 18 e 29 de Setembro, os Artistas Unidos ocupam a Black Box com Búfalos. “Tendo em conta que os Artistas Unidos não tinham um espaço para abrir a sua programação, aproveitamos também este projecto para homenagearmos o Jorge Silva Melo. Ele foi um programador desta casa em anos muito importantes e trouxe uma série de companhias que foram fundamentais. O trabalho dele foi fundamental.” A companhia volta a apresentar-se no CCB, entre 21 e 23 de Fevereiro de 2025. Desta vez, com uma adaptação de 1984, de George Orwell. 

Outros destaques vão para Hécuba, não Hécuba, de Tiago Rodrigues em colaboração com a Comédie-Française. Apresentada no Festival d’Avignon em Junho, estreia-se a 10 de Janeiro. Na peça, que cruza ficção e realidade, a história de Hécuba funde-se com a procura da actriz por justiça depois do seu filho autista ter sido vítima de abuso. Os 500 anos do nascimento de Camões são também celebrados com uma criação d’A Barraca, encenada por Hélder Mateus da Costa e Maria do Céu Guerra. Amor é um fogo que arde sem se ver pode ser vista entre 29 de Novembro e 1 de Dezembro.

Em Outubro, entre os dias 4 e 6, o Teatro Praga estreia em Lisboa RE: Antígona que, co-produzida com o Teatro Nacional São João, é apresentada em Setembro no Porto para depois descer a Lisboa. De Pedro Gil, Enciclopédia da Vida Sexual está em cena de 26 a 30 de Março; talvez…Monsanto, de Ricardo Pais, de 19 a 22 de Junho; e As Aves, apresentada pela mala voadora e pelas Comédias do Minho, de 9 a 13 de Julho, é baseada no texto de Aristófanes, situando-se entre a fábula, o comentário político e a utopia. Entre 23 de Abril e 4 de Maio, Alice Azevedo volta a levar ao palco Se não és lésbica, como é que te chamas?

No que toca à dança, Victor Hugo Pontes estreia Há qualquer coisa prestes a acontecer a 13 e 14 de Dezembro, reflectindo sobre os 50 anos da democracia portuguesa. A 11 e 12 de Abril, A Hora Em Que Não Sabíamos Nada Uns Dos Outros é uma obra dirigida por Olga Roriz, adaptada de Peter Handke. De França, chega o Centro Coreográfico Nacional – Ballet de Lorraine para apresentar a Folia e Static Shot. O programa duplo pode ser visto a 21 e 22 de Fevereiro.

A nova temporada realça ainda a importância que o MAC/CCB representa quando se fala da programação nas áreas performativas e visuais. “Eu e a Nuria Enguita, a directora artística do MAC, estamos muito alinhadas e achamos que há muito trabalho a desenvolver. E também já temos algum trabalho nesta temporada nesse desenvolvimento da relação entre as artes performativas e visuais, que são uma marca ímpar desta casa. Não há muitos espaços que tenham essa possibilidade, portanto queremos muito trabalhar nesse sentido”, explica. Dentro deste segmento da programação, que acontece em Novembro, destacam-se visitas guiadas com concertos do Grupo Vocal Olisipo e de Elsa Silva, e vídeo arte e dança integradas na mostra "Intimidades em fuga. Em torno de Nan Goldin".

Apesar da aposta noutras áreas artísticas, a música continua a manter-se central. O CCB acolhe concertos da Orquestra Metropolitana de Lisboa, tal como a Sinfonia n.º 9 de Beethoven, a 1 de Dezembro, e a Sinfonia n.º 40 de Mozart, a 6 de Abril; e da Orquestra Sinfónica Portuguesa acompanhada do Coro do Teatro Nacional de São Carlos (encerrado para obras no âmbito do PRR – Plano de Recuperação e Resiliência), que apresentam a Sinfonia n.º 8 Sinfonia dos mil de Mahler, entre 15 e 17 de Setembro, a Sinfonia n.º 13 de Shostakovich, a 24 de Novembro, e Música Francesa, a 8 de Junho. A 2 de Maio, sobe ao palco o pianista chinês Lang Lang e, a 22, o peruano Juan Diego Flórez para um recital de canto e piano.

O ciclo Há Fado no Cais inclui nomes como Carminho (31 de Janeiro), Aldina Duarte (24 de Maio), Soraia Cardoso (20 de Junho), Gonçalo Castelbranco (4 de Julho) e Katia Guerreiro (16 de Julho). No universo do jazz, há concertos de Samuel Lercher Trio, a 1 de Março, e Mark Gross Quartet, a 27 de Junho. Outras músicas também soam pela voz de Selma Uamusse, que apresenta uma Carta Branca a pensar no futuro e também marca os 50 anos do fim da ditadura, a 1 de Novembro; de Griot 3000, a 15 de Fevereiro; e de Filipe Sambado e Luca Argel, a 31 de Maio.

O CCB acolhe ainda espectáculos dos festivais Temps d’Images e do Alkantara Festival. Já a Fábrica das Artes é pensada para os mais novos e inclui programação de teatro, música, instalação artística e oficinas, em que se destaca a 14.ª edição do Big Bang Lx 24, nos dias 25 e 26 de Outubro, projecto que envolve vários parceiros internacionais e que conta com espectáculos multidisciplinares, instalações interactivas e músicas. Até ao fim da temporada, também há ciclos de leitura, de conversas e conferências. 

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