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Não é só no banco que se guarda o dinheiro nem só no Monopólio que se brinca com notas e moedas. A nova temporada do LU.CA – Teatro Luís de Camões também tem uma ou duas coisas a dizer sobre o assunto. Além da estreia de dois espectáculos, estão previstas oficinas de educação financeira, mini-conferências online, uma sessão de cinema, uma exposição e até um mini-mercado temporário. Todas estas actividades fazem parte do Ciclo Dinheiro, que nos convida a pensar sobre o que é, o que representa e até aquilo que o numerário não pode comprar, como a lealdade de um amigo ou o aconchego de um colo. “Se a arte serve para nos alienarmos do mundo, também servirá seguramente para o compreendermos melhor. Este ciclo é uma das muitas formas de explicar às crianças, agora que os preços estão a subir tão rápido, para que serve o dinheiro, como o podemos gerir e até que, além de aprendermos a geri-lo, há coisas para os quais não precisamos dele e até são coisas com maior valor, pelo menos sentimental”, diz a directora artística, Susana Menezes.
A programação arranca a 10 de Setembro e prolonga-se até 23 de Dezembro, com cinema, teatro, dança, exposições e várias oficinas temáticas. Entre as diferentes actividades propostas, como a reposição da peça de João Fazenda, Que Grande Estrondo (17 Set-5 Out), e da exposição (17-30 Set) e oficina (8-9 Out) nela inspiradas, destaca-se o já mencionado Ciclo Dinheiro, que se realiza durante todo o mês de Novembro, em sala, no entrepiso e até online. “O significado de valor atribuído às coisas é muito relativo”, continua Susana Menezes. “Quanto vale um sorriso, uma surpresa, um amigo, uma noite de luar ou o fundo do mar? Há coisas que nenhum dinheiro compra porque ‘não têm valor’: o que queremos dizer é que têm tanto valor que não há dinheiro que possa comprar.”
A reflexão começa com O Papel do Dinheiro, um espectáculo da Mala Voadora, em cena de 4 a 13 de Novembro (Sáb-Dom 16.30, 3€-7€), que traz para palco uma panóplia de notas. A ideia é manuseá-las sobre uma mesa, analisá-las, combiná-las e, claro, mostrá-las em tempo real. Tudo para contar a história do mundo através desses “pequenos pedaços de papel”. Depois, bem, há outras perguntas e histórias para revelar. É o que tentará fazer também a exposição de entrada livre “O que pode ser o dinheiro?”, patente no entrepiso de 4 a 30 de Novembro (Seg-Sex 10.00-13.00 e 14.00-17.00, Sáb-Dom 10.30-13.00 e 14.00-17.30).
Com um bocadinho mais de acção, está prevista a actividade-jogo Minimercado, da Oficina Fritta, um projecto de Emma Andreetti (ilustradora e designer) e Monica Di Eugenio (arquitecta e carpinteira). Entre 5 e 13 de Novembro (Sáb-Dom 10.30-13.00/ 17.00-19.00), somos convidados a descobrir como gastar uma moeda novinha em folha, o LU€A. Mas, antes, será importante perceber quem é que, afinal, decidiu o valor das coisas? Será que a água vale mais quando estamos cheios de sede? Está na hora de puxar pela cabeça. E, se precisar praticar, é só assistir às três mini-conferências online previstas (8-22 Nov, Ter 14.30), em parceria com o Museu do Dinheiro, e não perder a oficina de literacia financeira “Dinheiro, para que serves?” (19-20 Nov, Sáb-Dom 10.30).
Já em palco, apresenta-se O Valor das Pequenas Coisas, com texto de David Machado e encenação de João de Brito, com Vítor Silva Costa e Cleia Almeida. Entre 18 e 29 de Novembro (Sáb-Dom 16.30), esta co-produção do LAMA Teatro e do LU.CA conta-nos a história de um rapaz rico que, numa feira onde se vende de tudo, conhece uma miúda pouco interessada em dinheiro mas muito em coisas que fazem acelerar o coração. O que nos leva a uma pergunta interessante: será que é preciso ter muito dinheiro para ter coisas valiosas? Talvez o ciclo de cinema “O que é um tesouro?” (26-27 Nov, Sáb-Dom 11.30) nos possa ajudar a responder.
E que mais?
Novembro vai ser de facto um mês de muita animação no LU.CA, mas a programação vai de Setembro a Dezembro, o que significa que a agenda ainda não está fechada. Se já a tinha arrumado, tire-a cá para fora outra vez. Tem muito que apontar. Em Outubro, por exemplo, destaca-se o regresso de A preguiça ataca?, um espectáculo de dança histórico, criado pela coreógrafa Aldara Bizarro e construído a partir das respostas dadas por um conjunto de pessoas com profissões distintas – um biólogo, uma ilustradora, um político, uma coreógrafa, um bailarino, uma activista, uma atleta, e outras – à pergunta que lhe dá nome. Vai estar em cena de 14 a 23 de Outubro (Sáb-Dom 16.30, 3€-8€) e será complementado por uma oficina de dança e filosofia para jovens a partir dos 12 anos, a 15 de Outubro, às 15.30, com Aldara Bizarro e Dina Mendonça.
Ainda no mês de Outubro, o Festival PLAY regressa ao teatro com a exibição de Irmãos do Vento, nos dias 29 e 30, sempre às 16.30. Com realização de Gerardo Olivares e Otmar Penker, conta a história de uma cria de águia empurrada pelo seu irmão, do ninho para o chão da floresta, onde lhe espera a morte certa. Até que o destino intervém e a cria é encontrada por Lukas, que cuida da ave em segredo, encontrando um amor e companheirismo que lhe é recusado em casa.
Já em Dezembro, a programação arranca com a reposição de O Estado do Mundo (Quando Acordas), da Formiga Atómica, nos dias 7, 9, 14, 15 e 16, às 10.30. Com encenação de Miguel Fragata, o espectáculo coloca em cena relações de causa-efeito entre pequenos gestos e grandes consequências para reflectir até que ponto objectos do nosso quotidiano podem ser responsáveis por grandes catástrofes naturais.
Já alguma vez se dedicou à arte secular da dobragem do papel para recriar seres ou objectos sem o uso de tesoura ou cola? Mafalda Torres da Silva começou a praticar ainda adolescente, em casa, mas só este ano reuniu as condições para se dedicar a sério à técnica e criar uma exposição com peças de origami tridimensionais e surpreendentes, para ver de 3 a 23 de Dezembro (Seg-Sex 10.00-13.00 e 14.00-17.00, Sáb-Dom 10.30-13.00 e 14.00-17.30).
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