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A empreitada arrastou-se, mas a persistência deu nisto – um salão criado a partir do zero dentro de um velho armazém de paredes descascadas, agora sério candidato ao pódio dos cabeleireiros com mais pinta de Lisboa. Pedro Coelho é Pépp para os clientes e começou a cortar cabelo há 22 anos. Os últimos três foram passados a preparar a abertura do seu primeiro espaço. Uma sucessão de obras e licenciamentos que finalmente culminou na abertura ao público do projecto homónimo.
"Tenho aquilo que sempre quis: um armazém todo fodido, mas com uma grande pinta. E tudo feito por mim. Fui eu que piquei cada bocadinho, que estive seis meses a restaurar o chão todo – é mosaico hidráulico, mas estava cheio de cola e vinil. Dá mesmo aquele ar que queria, depois com umas cadeiras japonesas óptimas e aquela mesa de vidro. Consegui juntar as duas coisas: o industrial, com fios por fora, mas que também é quentinho, acolhedor, não é aquele salão todo branco", explica à Time Out.
Com ele veio uma extensa legião de clientes, fruto de mais de duas décadas de tesouradas e tintas, durante as quais passou pelo salão de Jacques Dessange, pelo Facto (no Bairro Alto, em Santa Apolónia e novamente de volta ao Bairro Alto), pelo Metrostudio e pelo Tony & Guy, só para referir alguns. "É a minha casa que vêm cortar o cabelo. Têm o Smeg, abrem e tiram uma mini, bebem um café, um chá. Vêm à hora de almoço, trazem uma salada e comem à mesa enquanto estão à espera com a cor", continua.
Mais do que convidar a entrar, o espaço rapidamente convence a ficar. E se Pépp, de 38 anos, passou os últimos três com as mãos na massa, essa dose de afinco nota-se nos pormenores – bibelôs estrategicamente colocados, candeeiros de iluminação pública trazidos para o interior, antigos móveis de laboratório, móveis resgatados do lixo, achados do OLX e uns quantos objectos de estima pessoal. "Esta porta era a do meu quarto quando era pequenino. Lá em baixo, a da casa-de-banho, era da casa dos meus avós. Estes baús eram da minha avó. Este era o banco do meu avô", afirma, enquanto aponta para cada uma das coisas.
Visto de fora, o salão é, no entanto, discreto. Quase sempre escondido por uma cortina escura, Pedro trabalha sozinho, por enquanto. Uma amiga e colega de profissão poderá juntar-se em breve, à semelhança do serviço de unhas que está prestes a entrar no menu. Cortar o cabelo com o próprio pode variar entre os 40€ e os 60€ (preço para homem e mulher, respectivamente). A coloração base oscila entre os mesmos valores. A Davines é a marca de eleição. Contrariando a lógica de todos os outros salões, os produtos estão expostos ao fundo, convidando os clientes a atravessar o espaço.
Discrição, sim, mas também vontade de receber novos clientes nestes 150 metros quadrados – que na mezzanine ainda têm uma sala para estética, massagens ou, quem sabe, tatuagens, além de espaço para formações, sessões de maquilhagem ou um atendimento mais recatado. "Não tenho nada na porta, é um Lux. Toda a gente sabe que é ali, mas não há nada que diga."
Rua de Santa Marta, 77C (Marquês de Pombal). Marcações: pepp.hairbyheart@gmail.com. Ter-Sex 12.00-20.00, Sáb 10.00-18.00
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