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O bar brasileiro conhecido pelas noites de samba foi obrigado a sair do Cais do Sodré e encontrou uma nova morada na Rua dos Poiais de São Bento. Fomos conhecer o novo boteco, para beber e petiscar.
A razia no Cais do Sodré continua e as notícias de restaurantes e bares que fecham para dar espaço ao novo hotel que vai ocupar um quarteirão inteiro são cada vez mais comuns. No final de Agosto, o Água de Beber, um dos mais queridos (e pequenos) bares brasileiros da cidade despedia-se com uma “saideira”, uma festa que durou cinco dias, com concertos dos principais músicos que passaram pela casa ao longo dos seus seis anos de vida.
A preocupação de Marco Silva, o dono, natural de Goiânia, sempre foi trazer boa música. “No Água de Beber nunca vai ouvir sertanejo, funk, axé ou pagode”, sublinha. “É um espaço de boa música brasileira: MPB, bossa nova, samba de qualidade…”
Em 2013, quando abria o bar na sombria Travessa de São Paulo, a moda na cidade era o forró. “Desde o início apostei no samba”, conta. “Na altura até pagava do meu bolso à banda, não fazia dinheiro suficiente. Agora o samba virou praga.”
Há seis anos, num Cais do Sodré por desbravar, Marco alugava o espaço de uma antiga tasca que abria às quatro da manhã, tal como a vizinha Casa Cid. Um “mau sinal”, diz, foi herdar “quatro ou cinco porretes [tacos de basebol]” da gerência antiga. “No início [a zona] era meio filme de terror”, recorda. “Gradualmente veio a gentrificação e o turismo de massas e a especulação imobiliária foi limpando o Cais do Sodré. Tanto que eu hoje já não consigo estar lá, embora quisesse ter permanecido.”
O novo Água de Beber abriu a 12 de Setembro na Rua dos Poiais de São Bento, a mesma do Incógnito, num espaço que já estava em obras há dois anos – assim que Marco soube que “mais cedo ou mais tarde” tinha de sair do Cais do Sodré – e onde em tempos existiu uma farmácia.
O espaço é tão grande em comparação com o bar anterior (onde as pessoas acabavam por se concentrar na rua) que o conceito se alterou um pouco. “Desde o início do Água de Beber que queria fazer um boteco brasileiro, com petiscos, música e bebidas”, conta Marco. “Na altura não encontrei nada de jeito com cozinha e foquei-me na música e nas bebidas, mas este era o que queria desde o início.”
Por enquanto, e por causa dos vizinhos, os concertos ainda estão em stand-by. O boteco quer ser conhecido pelos petiscos, como os pastéis de vento (5€ seis), os espetinhos (4-6€), as coxinhas de frango ou de jaca (2€), o quibe frito (5€ oito) e o caldo de feijão (3€) que já era servido no outro bar – com uma novidade, aqui também há caldo de mandioca e de mocotó.
O bar quer também apostar na feijoada brasileira, mas ao sábado, “como no Brasil”, diz Marco, dia em que o bar abre mais cedo. “Aqui em Portugal toda a feijoada é ao domingo e quero recuperar essa tradição de sábado.” No fim- -de-semana passado, a feijoada foi acompanhada de samba, mas ainda um “samba light”.
Água de Beber, Rua dos Poiais de São Bento, 73. Seg-Dom 17.00-02.00 (Sáb 12.00-02.00).