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Esta alfaiataria dos novos tempos já conheceu outras casas. Nasceu na Rua de São Bento, em 2016, mas rumou cedo a Campo de Ourique, onde acabou por criar raízes. Agora, limitou-se a atravessar a rua e a ocupar um antigo centro comercial do bairro. Sóbria mas convidativa, a nova morada do Alphaiate veio aprimorar a experiência de quem aqui entra em busca de um fato à medida.
"Já antes da pandemia estávamos a pensar em ter outro espaço. Precisávamos de atender dois clientes ao mesmo tempo e aqui consigo ter um cliente a tirar medidas, enquanto outro faz provas, em duas salas distintas", começa por explicar Duarte Foro, co-fundador e um dos cinco sócios actuais, além de responsável criativo da marca portuguesa.
O segredo de tanta discrição e conforto está na existência de dois pisos. Descidas as escadas, o espaço faz lembrar os velhos gabinetes de curiosidades, repleto de madeiras ricas, tapetes clássicos, poltronas de veludo e uma mesa de vidro em jeito de zona de trabalho. Duarte faz parte do dia-a-dia do atelier – atende clientes com marcação (é quase impossível ser-se atendido sem marcar previamente), juntamente com Maria Vaz, outra das sócias.
O foco continua a estar nas peças feitas por medida. "Diria que 90% dos nossos clientes vêm pelo serviço de roupa por medida, é por isso que somos conhecidos. Ainda queremos desconstruir um bocado essa parte. Continua a haver um certo peso quando falamos em alfaiataria, quando na verdade alguns clientes já fazem calças para o dia-a-dia connosco, até camisas de manga curta. Já não é só o business ou as cerimónias", continua.
Mas se os dois gabinetes de prova garantem exclusividade no atendimento, tudo o resto grita boas-vindas – o sofá (assinado por José Espinho nos anos 70, garante), onde os clientes podem aguardar enquanto bebem um café e, claro, a bancada onde se espalham as amostras de tecido até à decisão final. Há marcas sobejamente conhecidas, como a Loro Piana ou a Zegna, mas também nomes menos sonantes como a Dormeuil ou a Scabal. Em breve, parte do trabalho será feito do outro lado da rua, já que os planos são para transformar a antiga loja num pequeno atelier de confecção.
Duarte chama a atenção para duas fotografias de grande formato, ambas expostas no espaço. O autor é Claudio Elisabetsky, fotógrafo brasileiro que faz parte da família. Os retratos mostram os Rolling Stones e Madonna, esta última no Rio de Janeiro. Peças que contrastam com a pequena máquina de jogos arcade, totalmente operacional, que está no canto da sala. Joga-se Tekken.
No piso de cima, o tema é outro, a começar pela mesa de snooker, entretenimento bem mais clássico. O Alphaiate tem apostado em colecções de pronto-a-vestir que complementam o serviço de alfaiataria do andar de cima. "São peças mais casuais, mas sempre com bons tecidos – casacos sem ombreiras e sem forro, mais desportivos. Não vamos fazer fatos", remata. A isto, some os extras de marcas convidadas – os sapatos da Citadin Shoes, os ténis da Hirundo, as gravatas e lenços de seda da It Tamarindo. Certeza fica uma: há tudo o que é preciso para trajar um cavalheiro, da cabeça aos pés.
Rua 4 de Infantaria, 96 A (Campo de Ourique). 919 181 148. Seg-Sex 11.00-20.00, Sáb 09.00-15.00
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