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‘O Amador’: os espiões nunca morrem, reciclam-se

Rami Malek e Laurence Fishburne são os principais intérpretes de ‘O Amador’, um filme de espionagem que é a versão para o século XXI de ‘Operação Vingança’, de Charles Jarrott, realizado em 1980, no tempo da Guerra Fria.

Escrito por
Eurico de Barros
The Amateur
Photograph: John Wilson/© 2024 20th Century Studios
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A Guerra Fria alimentou constante e abundantemente o cinema de espionagem, dando origem a não poucos títulos clássicos deste género, bastantes deles baseados em livros assinados por autores consagrados como, entre outros, e com abordagens tão diversas ao tema como Ian Fleming, Robert Ludlum, John Le Carré, Len Deighton, Tom Clancy ou Robert Littell. Foi baseado numa obra deste último, The Amateur, que Charles Jarrott realizou, em 1980, um filme com o mesmo título, e que em Portugal se chamou Operação Vingança. Interpretado por John Savage, Christopher Plummer, Marthe Keller e Arthur Hill, Operação Vingança é a história de Charles Heller (Savage), um criptógrafo da CIA cuja mulher morre num atentado terrorista levado a cabo por agentes comunistas. 

Heller quer vingar-se a todo o custo dos criminosos e chantageia os seus superiores para ser enviado para lá da Cortina de Ferro, para a Checoslováquia, decidido que está a eliminar os responsáveis pela tragédia, mesmo que morra a fazê-lo. Mas Heller acaba por perder o apoio dos seus colegas e vai ficar sozinho em território inimigo, tendo que se desenvencilhar por si. E ao mesmo tempo que elimina dois dos homens que mataram a sua mulher, faz uma descoberta inesperada: o líder do grupo de terroristas é um agente duplo e responde também perante a CIA, além das autoridades checas. O facto de, mais de 40 anos depois, o mundo ter mudado radicalmente, o Muro de Berlim haver caído, a Cortina de Ferro desaparecido, o comunismo sido derrotado e vivermos agora em tempos de multipolaridade geopolítica, não demoveu Hollywood de voltar a pegar nesta história e reciclá-la, para fazer um remake retocado e actualizado de Operação Vingança.

Esta nova versão da fita de Charles Jarrott tem agora o título do livro original de Robert Littell, O Amador, permanecendo fiel, nos seus traços gerais, à intriga de Operação Vingança. Mantém-se o ataque terrorista que vitima a mulher de um criptógrafo da CIA, e a decisão deste obrigar, sob chantagem, os seus superiores a deixarem-no embarcar sozinho numa quase suicida – e nada ortodoxa – missão de vingança pessoal. Só que agora, desaparecido o mundo comunista do Pacto de Varsóvia, os autores do atentado são corporizados numa organização terrorista como passaram a existir várias neste mundo do século XXI, onde o perigo para o Ocidente deixou de se concentrar num grande bloco ideológico e militar sob a égide da União Soviética, para se pulverizar em várias organizações que espalham o terror, servindo diversos interesses, clientes e bandeiras.

Robert Littell, que tinha co-assinado o argumento do primeiro filme, já não está associado a este remake, realizado por James Hawes, um nome associado a séries como Black Mirror ou Slow Horses. Hugh Jackman ia personificar Charles Heller, mas acabou por se afastar do projecto, e o papel passou para Rami Malek (que, curiosamente, interpretou o vilão do derradeiro filme de James Bond feito até à data). Ele é acompanhado no elenco por nomes como Laurence Fishburne, Jon Bernthal, Michael Stuhlbarg e Rachel Brosnahan. Segundo os autores de O Amador, o cinema de espionagem tem que se adaptar às mudanças do mundo para continuar activo e a manter os seus pergaminhos. Tal e qual como os próprios espiões, afinal.

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