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O Cais do Sodré ganhou um parque adaptado “para todas as crianças”

O parque infantil do Jardim Sá da Bandeira foi substituído por um novo, inclusivo e três vezes maior. A “estrela” é o autocarro-escorrega, pensado para pessoas com mobilidade reduzida.

Rute Barbedo
Escrito por
Rute Barbedo
Jornalista
Novo espaço de recreio do Jardim Sá da Bandeira
DR/Junta de Freguesia da MisericórdiaNovo espaço de recreio do Jardim Sá da Bandeira
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Foi inaugurado esta tarde, 3 de Julho, o Espaço de Recreio do Jardim Sá da Bandeira, na Praça Dom Luís, um equipamento "pensado para todas as crianças, independentemente da sua condição física ou cognitiva", como sublinha a Junta de Freguesia da Misericórdia, que financiou a obra de cerca de 100 mil euros.

Entre os equipamentos menos comuns estão uma cama elástica (uma espécie de trampolim para o qual não é preciso subir), que pode ser utilizada por utilizadores de cadeiras de rodas, e o autocarro-escorrega, que permite que grande parte das crianças em cadeiras de rodas consiga aceder ao equipamento através de uma rampa e descer (fora da cadeira) pelo escorrega com a ajuda de um ou dois adultos, já que a estrutura é mais larga do que o normal. Também as mesas de apoio, para piqueniques ou apenas repouso, são adaptadas, de forma que as cadeiras de roda possam encaixar na estrutura sem dificuldades. Há, ainda, brinquedos de mola, dois baloiços com protecção (para os mais pequenos) e um baloiço "ninho de pássaro", que pode ser utilizado por crianças que não tenham controlo de tronco, por exemplo (na posição deitada).

Novo espaço de recreio do Jardim Sá da Bandeira
DR/Junta de Freguesia da MisericórdiaNovo espaço de recreio do Jardim Sá da Bandeira

A obra, que contou com a consultoria da Associação Salvador, dedicada à promoção da inclusão de pessoas com deficiência motora, incluiu, ainda, a criação de uma rampa na entrada do elevador de acesso ao jardim desde o parque de estacionamento), já que "na criação de um parque como estes, há muitos factores a ter em conta, pensando tanto nos equipamentos como em toda a envolvência externa", disse à Time Out Felismina Gomes, embaixadora da associação, durante a inauguração do parque. "Para o comum dos mortais, um degrau de dois centímetros não representa nada, para uma pessoa que ande em cadeira de rodas é uma dificuldade e para quem se desloca numa cadeira eléctrica é uma parede", exemplificou.

Novo espaço de recreio do Jardim Sá da Bandeira
DR/Junta de Freguesia da MisericórdiaNovo espaço de recreio do Jardim Sá da Bandeira

O novo parque infantil veio substituir o anterior que existia neste jardim, alargando-se a área lúdica de 112 para 346 metros quadrados. "Chegámos a pensar noutras localizações, mas não havia espaço disponível na freguesia", explicou Carla Madeira, presidente da Junta de Freguesia da Misericórdia. A freguesia não aumentou, assim, o número de áreas de recreio destinadas a crianças, mas conseguiu, na visão da autarca, "o mais importante": concretizar esta "ideia já de há algum tempo", de ter "um parque para todas as crianças, com ou sem necessidades especiais, mais pequeninas, mais crescidas, todas".

"Às crianças com deficiência é-lhes cortado o direito a brincar"

Lisboa não abunda em áreas de recreio como esta, pensadas para receber pessoas com deficiências motoras ou cognitivas. Contam-se o do bairro das Pedralvas, em Benfica, o do Jardim da Parada, em Campo de Ourique, ou o do Passeio do Neptuno, no Parque das Nações, para dar três exemplos. A 31 de Janeiro, a Câmara Municipal de Lisboa aprovou uma proposta do Bloco de Esquerda para avaliar as condições de todos os parques infantis da cidade, tendo em conta factores como a acessibilidade dos equipamentos, e prevendo "uma calendarização, em articulação com as juntas de freguesia, que inclua a adaptação dos parques infantis a crianças com deficiência", bem como das zonas circundantes. A razão da reivindicação é clara: "São ainda muito poucos os parques infantis inclusivos, permitindo a sua utilização por crianças com deficiência, o que conduz a uma evidente discriminação: às crianças com deficiência é-lhes cortado o direito a brincar nos parques infantis, condenando-as a ver as outras crianças brincar”, descreve-se no texto da proposta.

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