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Se anda pelo centro de Lisboa já deve ter reparado que uma das fachadas do quarteirão da Suíça está como nova. Mas não se livrou da polémica.
A história é antiga e remonta a 2001, ano que surgiu a ideia de revestir de azulejos todas as fachadas viradas para a Praça da Figueira. Na altura, a Câmara Municipal de Lisboa chegou mesmo a encomendar um projecto de reabilitação do local ao arquitecto Daciano da Costa (1930-2005) e foram produzidos 100 mil azulejos azuis e brancos que nunca chegaram ao destino, ficando a marinar num armazém em Alcântara. Três anos depois ainda se voltou ao assunto, mas as opiniões dividiam-se entre quem apoiava o projecto, quem achasse que a recuperação dos telhados era mais importante ou quem avisasse que os azulejos em causa não deixariam respirar as paredes.
Na sequência das obras no quarteirão, propriedade da Sociedade Hoteleira Seoane, em 2017 a Câmara Municipal de Lisboa (CML) enviou o processo para a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) que pediu um parecer à Secção do Património Arquitectónico e Arqueológico (SPAA) do Conselho Nacional de Cultura. Quem recupera esta epopeia é o jornal Público que teve acesso ao documento, confirmando a vontade da CML em implementar o projecto de reabilitação da Praça da Figueira "através de uma intervenção nas fachadas dos edifícios com a colocação de azulejos segundo proposta do mestre Daciano da Costa", azulejos esses que seria doados pelo município aos proprietários privados.
Entretanto a SPAA considerou que a proposta "contribui para o reforço das características pombalinas da Praça da Figueira" e a Câmara Municipal de Lisboa informou o jornal diário que os proprietários dos restantes edifícios da praça terão de também colocar azulejos nas fachadas, já que "os licenciamentos que estão a decorrer têm como condicionante a aplicação dos azulejos", iguais aos que já foram aplicados nesta primeira fachada.