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Quando o USAxe Club inaugurou na Lx Factory, em Dezembro de 2020, Colton Egbert já sonhava em oferecer a experiência americana completa, da novidade desportiva aos clássicos da gastronomia, mas não havia espaço para montar uma cozinha. Com as mudanças em curso na Rua Rodrigues de Faria, o único clube português de lançamento do machado conseguiu agora crescer e abrir um restaurante. Há o famoso mac n’ cheese, muitos hambúrgueres, incluindo um servido entre dois waffles americanos, e até um desafio de asas picantes, fruto de uma parceria com a Jack Daniel's.
“O nosso clube estava num dos primeiros edifícios a ser demolidos. Conseguimos negociar um novo espaço e decidimos fazer crescer o conceito. Tínhamos cerca de 50 metros quadrados, agora temos 300”, desvenda José Matos, sócio de Colton e actual gerente do renovado USAxe Club. Entre a decoração rústica e sóbria, em madeira e metal, destacam-se os machados presos nas booths junto às janelas, o néon colorido num dos balcões e o mural da autoria de Effe (@effe.news), responsável por outras intervenções de arte urbana na LX Factory. “Como empresa, somos um bebé da pandemia. Nascemos, fechámos e voltámos a abrir durante a pandemia. Agora estamos a crescer. Tentámos criar um lugar onde as pessoas se sintam seguras, mas também muito texano, tudo à grande.”
Além do aumento da lotação e do dobro de pistas disponíveis para se render ao lançamento do machado, há uma terceira novidade bem mais óbvia: o serviço de restaurante. Já não se vai ao USAxe Club só para se beber uma Budweiser ou pelos famosos Reese’s Peanut Butter Cups (spoiler alert: não os encontrámos e somos capazes de assinar uma petição para os ter de volta). A ementa está mais ambiciosa e inclui desde pratos para partilhar, como as Loaded Fries Supreme (8,95€), batatas fritas, com porco desfiado, queijo, bacon e molho ranch; até refeições completas, como o clássico mac n’ cheese (10,95€) ou o surpreendente #Hashtag Burger (15,50€), um hambúrguer de frango crocante, servido entre dois waffles americanos e acompanhado por batatas fritas e mapple syrup caseiro.
“Quando o Colton esteve cá a viver, descobriu bons restaurantes, mas nenhum com os verdadeiros sabores americanos. Sentiu falta do toque de alguém que fosse mesmo dos EUA”, confidencia José. “Na hora de desenvolver o menu, quisemos investir nos pratos mais icónicos e em produtos que é difícil encontrar noutro lado, como as cervejas americanas e a carne de porco desfiada.” Ou mesmo as Carolina Reaper, as malaguetas mais picantes do mundo, usadas para fazer o molho para o Jack Fire Challenge. “A primeira vez que provámos pensámos 'bem, vamos matar alguém'. Tivemos de reduzir o nível um bocadinho. Por acaso depois calhou ter sido estreado por um americano. Superou a prova, mas saiu a chorar. Até agora ninguém mais conseguiu.”
Se tiver coragem, o desafio consiste em terminar 12 asas de frango desossadas e insanamente picantes em apenas três minutos. Os vencedores não só não pagam como ainda têm direito a uma t-shirt a dizer "Survivor" e à entrada da sua fotografia na ainda pouco concorrida “Wall of Fame”. Mas cuidado. A derrota vem com a cobrança de uns inflacionados 28€ e a vergonha de ter de pedir um ou dois copos de leite. “Esses não cobramos”, assegura José por entre risos, antes de nos revelar que é possível comer asas picantes sem dramas. O molho das Burning Man Wings (6,95€) standard não é exactamente o mesmo que é usado no Jack Fire Challenge e as Gentle Man Wings (6,95€) vêm com BBQ doce.
Para matar a sede, também há muitas opções, mas sobressaem as diferentes cervejas americanas, das Bud às Sierra Nevada, e cocktails, como o The Club (6,50€), receita da casa com rum, limonada, hortelâ e Jack Daniel’s Fire, e a fotogénica Coronarita (9,25€), uma Margarita acompanhada de uma Cerveja Corona Long Neck. E, antes de fechar a conta, José Matos convida a experimentar pelo menos uma das sobremesas. A apple pie (5,95€), tarte de maçã em bom português, é caseira e vem acompanhada de chantilly e uma bola de gelado de baunilha. Mas também há waffles (5,25€), milkshakes (6,95€) e fried oreos (6,25€). Sim, leu bem: oreos fritos em massa doce, cobertas com Nutella e açúcar em pó. Para a mesa, vêm quatro exemplares e o melhor é partilhar.
E os machados. Como é que se lançam?
Não convém deixar o lançamento dos machados para o final da refeição. Afinal, exercício físico intenso não ajuda à digestão. Mas, enquanto não decide o que lhe apetece, pode sempre familiarizar-se com o desporto numa sessão de 15 minutos (desde 12,50€). Só é recomendado fazer reserva se quiser experimentar a modalidade durante 1 hora (desde 25€). Além do tradicional arremesso ao alvo, é possível jogar ao jogo do galo, matar zombies e até dizimar vários exemplares do coronavírus, sempre com recurso à mesma ferramenta (o machado, claro) e tudo graças às maravilhas da projecção.
Em cada uma das seis pistas, podem jogar grupos de até seis pessoas. Apesar da sua aparente rusticidade, o arremesso de machado é um desporto de precisão e pode ser praticado até mesmo por adolescentes e crianças, neste caso sob a supervisão de um adulto. Para famílias, o jogo do galo, que envolve a projecção da grelha no alvo, é o mais indicado. Mas o Corona Rogue continua a ser o mais popular. Se for a sua primeira vez, não se preocupe: há sempre um Axe Master presente para ensinar como deve ser feito o lançamento. “Temos ainda uma Liga, onde ensinamos outros truques e promovemos sessões de treino entre sócios-membros”, revela Filipe Araújo, presidente da Liga do USAxe Club.
A inscrição na Liga pode ser feita online e dá acesso imediato a uma aplicação, que permite acompanhar o ranking de todos os sócios e até criar desafios de lançamento. Entre os benefícios, encontram-se prémios, descontos e acesso às noites de treino, que se realizam quatro vezes por mês, e aos campeonatos sazonais. “Na aplicação, existem cinco níveis e os sócios-membros sobem de nível ao aprender e executar diferentes técnicas de lançamento com diferentes machados nas nossas sessões. Só os sócios têm oportunidade de utilizar os outros machados que temos na nossa oficina. Os nossos outros clientes só utilizam o machado típico e só têm autorização para lançar o machado da madeira tradicional.”
A longo prazo, o objectivo é aumentar o número de sócios-membros para “fazer um campeonato em grande com a área de restaurante ocupada por clientes a assistir”, confessa Filipe. Para breve, está prevista a abertura de mais um USAxe Club, desta vez no Norte do país. “O novo espaço vai permitir-nos fazer crescer a Liga e promover torneios entre clientes de diferentes localizações. Esse é um dos nossos principais objectivos”, remata José Matos. “De momento, somos o único clube em Portugal, mas acreditamos haver espaço para todos. Se eventualmente, aparecer um outro, também teremos todo o gosto em competir, até porque acreditamos que íamos ganhar facilmente. O nosso interesse é, de facto, desenvolver o lançamento do machado e, para isso, a concorrência é algo bom.”
USAxe Club. Lx Factory. Rua Rodrigues de Faria 103 H-0.02 (Alcântara). Seg-Qui e Dom 11.00-23.00 e Sex-Sáb 11.00-02.00.
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