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O fantasma especial de Steven Soderbergh

O novo filme de Steven Soderbergh, ‘A Presença’, é contado do ponto de vista de um fantasma que assombra uma casa para a qual se muda uma família com problemas.

Escrito por
Eurico de Barros
Neon
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Steven Soderbergh não só é capaz de fazer todo o tipo de filmes, de grandes produções de estúdio com gordos orçamentos e muitas vedetas, a fitas independentes com pouco dinheiro e actores menos ou nada conhecidos, e em todos os géneros, como também de conseguir transformar qualquer história, qualquer acontecimento, num filme. A história de A Presença, a sua nova realização, uma fita de fantasmas (estreia-se esta semana), baseia-se em algo que aconteceu há pouco tempo na sua moradia de Los Angeles. Ou seja, desta vez, Soderbergh nem sequer precisou de sair de casa para ter uma ideia para um filme.

O realizador e a família estiveram ausentes de casa por algum tempo e pediram a uma amiga que ficasse lá e tomasse conta dela enquanto eles estavam fora. Uma noite, a amiga estava a ver televisão na sala quando viu alguém no fundo do corredor a ir da casa de banho para um dos quartos. Mas constatou que não havia ninguém em casa, e telefonou logo ao realizador de Sexo, Mentiras e Vídeo a contar o que tinha acontecido. Quando regressou, Steven Soderbergh descobriu que um antigo morador tinha morrido lá em casa, e em circunstâncias nunca resolvidas, segundo os vizinhos, que lhe disseram não acreditar na versão oficial de suicídio da polícia.

Teriam o realizador e a sua família uma assombração em casa? Não voltou a haver nenhuma manifestação, mas Soderbergh, inspirado pelo sucedido, imaginou como seria se houvesse um fantasma numa casa e uma família com problemas se mudasse para lá, o que aconteceria se o espectro fosse uma testemunha invisível do quotidiano daquela, e das tensões crescentes entre os seus membros. O realizador passou então este esboço ao consagrado argumentista David Koepp, com quem já tinha trabalhado antes, e este transformou-o em A Presença. A fita foi rodada por Steven Soderbergh no seu melhor estilo independente: em menos de um mês, quase toda no mesmo cenário, com uma câmara Sony pequena e barata, sem efeitos especiais e um orçamento de dois milhões de dólares. 

Detalhe importante: a história de A Presença é toda contada do ponto de vista do fantasma, e assim Soderbergh dá uma grande volta ao cliché da família que se muda para uma velha casa que foi remodelada e é assombrada. A mãe, Rebekah (Lucy Liu), trabalha muito e prefere descaradamente o filho, Tyler (Eddy Maday), um nadador de competição, à filha; e o pai, Chris (Chris Sullivan), tem que lembrar à mulher que não pode desprezar a filha adolescente, Chloe (Callina Liang), deprimida após a morte da melhor amiga, de overdose. O casamento de Rebekah e Chris está muito periclitante, a relação entre pai e filho não é a melhor, e irmão e irmã andam muito quezilentos. 

Dos quatro, apenas a rapariga sente uma presença sobrenatural na casa. Até à altura em que sucede algo assustador que toda a família testemunha, e os pais decidem chamar uma vidente para perceberem quem ou o quê têm em casa. E que nem nós, os espectadores, sabemos que tipo de entidade sobrenatural se trata. Sabemos, no entanto, uma coisa: o fantasma através do qual Steven Soderbergh nos faz testemunhas omniscientes de tudo o que se passa na casa desta família, não é maligno. O realizador, entretanto, já rodou outro filme, nos antípodas de A Presença, Black Bag, um thriller de espionagem com Michael Fassbender, Cate Blanchett e Pierce Brosnan, e tem em pré-produção uma comédia, The Christophers, com Sir Ian McKellen. E lá por casa, nem sombra de fantasma.

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