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O Heat The Street já não é de Lisboa, é um movimento

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
Jornalista
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O Heat the Street volta a sair à rua, mas este ano aquece como no primeiro. Ouvimos as vozes do movimento e dizemo-lhe como fazer uma boa acção este Natal.

“Estou aqui para ti. Se estás na rua e com frio, leva-me contigo para te aquecer.” Nos últimos três invernos, o Heat The Street promoveu a partilha de casacos e agasalhos na Avenida da Liberdade, pendurando-os nas árvores com uma etiqueta que convidava as pessoas sem-abrigo (e gente com tecto a quem não sobra muito dinheiro para comprar roupa boa para o frio) a recolhê-los. O desafio partiu de um grupo de mulheres lisboetas e era “tão simples como isto”, explica uma delas, Helena Carvalho: “Olhar para o roupeiro, escolher uma peça e doar a quem precisa.” Este ano, para a quarta edição, querem levar a ideia da “corda mais quente” mais longe.

Só que mais do que um evento, o Heat The Street quer ser um movimento. E um movimento sem fronteiras físicas, embora com data marcada, pelo menos para este novo arranque. O dia 22 de Dezembro (domingo) será o primeiro dia do resto da vida da nova tradição de Natal portuguesa, os Ruapeiros Solidários, num desafio lançado de norte a sul do país: juntar família e amigos, com os agasalhos quentes que já não usam e pendurá-los pelas ruas. Ou seja, online encontra todos os materiais (incluindo as etiquetas identificativas, que podem ser descarregadas da página oficial em heatthestreet.net) e recomendações para que possa fazer a sua boa acção neste Natal e, quem sabe, durante o resto do ano em modo “faça você mesmo”. E a equipa do Heat The Street estará à disposição para esclarecer todas as dúvidas. “Gostávamos de dar mais apoio a quem quer organizar eventos do género”, diz Sílvia Lopes, outra das mentoras da iniciativa, que este ano precisou de dar um passo atrás para dar dois em frente. É que embora haja muita procura pelas quentinhas peças penduradas, a Avenida da Liberdade não é propriamente um ponto de passagem de algumas comunidades mais carenciadas.

A prioridade para este ano era chegar a mais população, entre os que oferecem e os que recebem, e pensar numa forma mais espontânea de concretizar a ideia. Andaram dois meses a debater os problemas que o evento tinha, um deles relacionado com a meteorologia (no ano passado choveu) até que a inspiração regressou. “No primeiro ano conseguimos inspirar as pessoas a fazer por todo o país e perdemos isso. Passámos de um movimento para um evento”, lamenta Sílvia. Assim, embora esteja estabelecida uma data para esta acção que se quer anual, o movimento é para ser levado avante durante todo o ano, em qualquer lado do país e até do mundo.

Os agasalhos podem ser pendurados num estendal, numa grade, num lampião ou numa árvore, como ilustra a imagem (só não pisem este canteiro na Praça da Alegria, que o jardineiro, o senhor Cândido, fica aborrecido, mas ele pendura e despendura se for preciso, com toda a gentileza). O importante é que fique bem pendurado e bem identificado com a etiqueta Heat The Street para que a circulação saiba a finalidade deste “ruapeiro” e não vá parar à secção Perdidos e Achados da PSP, na melhor das hipóteses.

E há três formas de a comunidade se envolver no movimento: de forma individual, através de um grupo informal (o ideal para um team building natalício ou passeios solidários em família) ou através de uma associação que conheça bem as necessidades do território onde desenrola as suas actividades.

Para a organização poder acompanhar a adesão ao Ruapeiro Solidário, partilhe nas redes sociais a sua boa acção com o hashtag #heatthestreet. E se ainda não está convencido, veja este vídeo inspiracional criado pela produtora de publicidade Mother Lisbon, que ofereceu tempo e talento para ajudar a aquecer as cordas mais quentes de Portugal.

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