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Se é verdade que quase todos os dias abre um restaurante, é também verdade que manter um projecto de qualidade aberto é um esforço hercúleo, por vezes inatingível. Foi o que aconteceu agora com o Izcalli. Depois de ter reaberto junto à Estrela, Ivo Tavares vê-se novamente obrigado a fechar o restaurante mexicano. Em causa, “uma combinação de desafios financeiros”, entre os quais a pouca procura.
Quando abriu, em 2018, o Izcalli tornou-se um sucesso imediato. Em menos de nada, o espaço em Alcântara onde cabiam menos de dez pessoas revelou-se pequeno para a procura, mas a história acabaria por ter um desfecho inesperado e o restaurante não duraria tanto tempo quanto a clientela desejaria. Em 2023, porém, Ivo Tavares voltou, desta vez na Avenida Infante Santo. A procura, essa, é que parece não ter acompanhado, tornando o restaurante inviável.
“Após seis anos incríveis a trazer os sabores autênticos do México a Lisboa e um ano neste local, tomei a decisão difícil de fecharmos as nossas portas”, revela o chef e anfitrião do Izcalli num curto vídeo partilhado no YouTube. “Infelizmente, devido a uma combinação de desafios financeiros, falta de procura, investimento insuficiente em comunicação e um difícil clima macroeconómico, já não é possível manter o sonho vivo”, acrescenta.
À Time Out, Ivo Tavares confirmou que o fecho acontece em Agosto, lamentando a falta de clientes. “É uma realidade dura com qual tenho de saber lidar.” O último serviço está apontado, por agora, para 3 de Agosto.
De lembrar que, ainda em Junho, Alfredo Lacerda passou por lá e saiu com a certeza de que ali se comia “a melhor comida mexicana de Lisboa” – valeu cinco estrelas. “Ivo come, cozinha – e fala espanhol do México. Ivo não é só um cozinheiro, é um tutor da cozinha mexicana autêntica e um dos chefs mais instruídos que conheço – e não apenas em gastronomia”, destacou o crítico, com o desejo de que o Izcalli se tornasse mais conhecido.
Depois de alguns anos a trabalhar no México, Ivo quis oferecer em Lisboa uma experiência próxima do real, tendo como base a cozinha tradicional mexicana, acrescentando-lhe ainda assim a sua assinatura com algumas técnicas contemporâneas. Começou apenas com um menu de degustação, mas depois de ouvir os clientes, especialmente os mais antigos, o chef optou por um serviço à carta, na esperança também de chegar a mais pessoas.
Sem planos definidos para o futuro, Ivo mantém a esperança de que o fecho do restaurante não seja um adeus definitivo. Até lá, é aproveitar os últimos dias.
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+ Nesta pizzaria, cozinha-se com as mãos, come-se com as mãos e fala-se com as mãos