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Foi um sucesso assim que abriu num espaço onde cabiam menos de dez pessoas, mas a história acabaria por ter um desfecho inesperado e o Izcalli não duraria tanto tempo quanto a clientela desejaria. A boa notícia é que Ivo Tavares voltou devagarinho no ano passado e 2024 só pode ser melhor por termos o Izcalli a funcionar em pleno, agora na Avenida Infante Santo, junto à Estrela.
“Eu fechei em Alcântara no final de Dezembro de 2021 porque precisava de fazer uma operação e sabia que tinha de parar pelo menos uns dois ou três meses e depois da Covid não tinha dinheiro para estar parado a pagar despesas fixas. Então, pensei em trespassar o espaço”, começa por contar o chef e anfitrião do Izcalli.
Foi em 2018, quando abriu em Alcântara com apenas sete lugares, que Ivo Tavares deu que falar. Não foi preciso muito para se perceber que o Izcalli não era mais um restaurante mexicano. Depois de alguns anos a trabalhar no México, Ivo quis oferecer uma experiência próxima do real, tendo como base a cozinha tradicional mexicana, acrescentando-lhe ainda assim a sua assinatura com algumas técnicas contemporâneas. A palavra espalhou-se e se o restaurante já era pequeno, tornou-se ainda menor para a procura.
“A paragem acabou por ser a forma de acelerar a necessidade de encontrar um espaço maior, só que acabou por passar imenso tempo. Vi umas dez lojas e depois acabei por ficar com este espaço”, conta o chef, do lado de lá do balcão, onde tudo continua a acontecer, agora com ligeiramente mais espaço. “É quatro vezes maior. O outro tinha 13 metros quadrados, este tem 80”, aponta, lembrando os tempos de Alcântara. “Era impossível. Nós, às vezes, tínhamos listas de espera de 30 pessoas e conseguíamos acolher no máximo 12 por dia.”
Apostado em fazer diferente, como desde o início, Ivo garante que nada mudou no Izcalli, só mesmo a morada. “A ideia é exactamente a mesma, continuamos a oferecer o que oferecíamos. A base de cozinha tradicional mexicana mantém-se, com algumas técnicas contemporâneas, outras técnicas tradicionais, ancestrais”, explica. “No fundo, faço exatamente a mesma coisa que fazia, agora com outras condições.”
Viagem ao México
Começou apenas com um menu de degustação (50€), mas depois de ouvir os clientes, especialmente os mais antigos, o chef optou por um serviço à carta. “O que acontecia era que nos estávamos a tornar naquele restaurante que se visita numa ocasião especial e o que queremos é ter clientes recorrentes, queremos que as pessoas que nos conhecem nos visitem mais”, afiança, destacando também por isso a aposta nos especiais do dia – novas criações que se juntam à carta fixa, onde, por agora, brilham as tostadas de atum (17,50€/duas) ou as ostiones en aguachile, ou seja, umas ostras do Sado cobertas com um aguachile tropical (10€/três).
Na cozinha, Ivo segue o que manda o receituário mexicano, sem adaptações ou atalhos. Se, por acaso, tiver alguma receita com algum ingrediente que não exista por cá, esse prato não avança. “A ideia não é adaptar, a ideia é fazer receitas cujos ingredientes nós consigamos… Se não tiver, não vale a pena, não faz sentido. Não podemos esquecer que o México é brutalmente maior do que Portugal e, portanto, a diversidade de gastronomia é enorme.”
Nos “pratos fortes”, há um “pulpo zarandeado” (18€), que mais não é do que um polvo do Algarve assado à moda do Yucatan, com puré de mandioca e cacau, mas também um “pavo con mole negro y arroz” (16€), ou um “suculento pedaço de peru com um complexo molho de chiles, especiarias, e chocolate”.
"É uma viagem ao México", acredita Ivo, com um trabalho de investigação em mãos permanente. "Todos os meses existem localidades diferentes que visitamos", conta. É isso também que distingue o Izcalli, um menu em constante transformação com novidades todas as semanas, sempre com um respeito máximo pelo produto – e com uma margarita (10€) por perto.
Avenida Infante Santo 356A (Estrela). Ter-Sáb 19.00-22.30. 30€-50€
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