[title]
É o clube de jazz mais antigo da Europa. Fundado em 1948, perdeu a casa original em 2009, num incêndio, tendo conseguido nova casa umas portas ao lado, ainda na Praça da Alegria, num imóvel propriedade da Câmara. Anos mais tarde, na sequência de grandes chuvas e por "descargo de consciência", a então presidente do Hot Clube de Portugal (HCP), Inês Homem Cunha, resolveu pedir uma inspecção ao edifício, conforme contou o músico Mário Laginha ao Expresso. Deu-se então a ordem de fecho por parte da autarquia, por razões de segurança, razões essas que agora, mais de dois anos depois do encerramento do espaço, poderão ser retiradas da vida do clube.
O avanço prende-se com a aprovação, esta quarta-feira, 9 de Abril, de um apoio financeiro de 239.500 euros por parte da Câmara, para obras de reabilitação, como noticiou a agência Lusa. O valor não chegará para intervir em todo o edifício, dá conta à Time Out o presidente do HCP, Pedro Moreira, mas "permite reabrir o clube o mais depressa possível", que é a grande prioridade da associação sem fins lucrativos, fundada em 1948. Já em negociações com empreiteiros, a estrutura estima que as obras comecem "nos próximos dois meses" e que sejam necessários "seis a oito meses para reabrir o clube". "Não é uma data formal, isto somos nós a sonhar. Bom, a sonhar e não só. Estamos a trabalhar para isso", partilha o responsável.
Os quase 240 mil euros servirão para resolver os problemas estruturais do edifício, telhado incluído. De resto, o Hot Clube "vai voltar como o conhecíamos", ao número 48 da Praça da Alegria, com ligeiras melhorias ao nível do espaço e também com "um projecto artístico mais sólido e mais internacional", detalha o presidente. "As grandes novidades" virão para depois, nos restantes pisos, para os quais o clube procura ainda financiamento, quer através de parcerias com entidades públicas e privadas, quer com o crescimento de "actividades para fora" e com as receitas obtidas com a actividade regular do próprio clube. O projecto é que ali nasça a Casa do Jazz, um museu em que a história de 77 anos do clube servirá também de impulso à estrutura septuagenária.
Há dois anos, logo a seguir ao encerramento do HCP, o regresso do clube à mesma morada afigurava-se pouco provável. "A questão das obras parece-me estar um pouco posta de lado porque em termos de encargos é basicamente para demolir e reconstruir", explicava na altura ao Observador o presidente da estrutura.
Três anos fechados? "Absolutamente fatal"
"Estamos a caminho do terceiro ano fechados, o que é absolutamente fatal", afirma o presidente, lembrando que pelo Hot Clube passam todos os anos uma média de 15 mil pessoas, gerando receitas entre 100 mil e 150 mil euros anuais. Perder esta fonte de financiamento é uma das consequências mais pesadas do fecho do espaço, mas, de acordo com o presidente, pôs-se também em causa a relação com os amantes do jazz e a geração de novo público. "Perdeu-se o contacto regular e permanente, o espaço de convívio e de apresentação regular dos músicos e um lugar essencial para os alunos", faz o balanço Pedro Moreira.
Apesar do encerramento do número 48 da Praça da Alegria em 2023, o Hot Clube manteve-se activo durante estes quase dois anos e meio, com actividades noutros espaços da cidade e com produções exteriores. Se estes quase dois anos e meio trouxeram algo de bom? "Nunca poderei dizer que o que aconteceu foi uma coisa boa. Tivemos todos um grande prejuízo, tanto os músicos como a cidade. Mas pudemos, por exemplo, formalizar, oficializar a relação com a Câmara no que toca à posse do edifício, com a contratualização do direito superfície por 50 anos [aprovado em Fevereiro de 2024], que era algo que, nestes anos, nunca tinha sido feito", remata o dirigente e músico.
Dos 239.500 euros aprovados pela Câmara Municipal de Lisboa (CML), a primeira tranche (191.600 euros) deverá chegar ao HCP este ano e os restantes 47.900 euros virão em 2026.
📲 O (novo) TOL canal. Siga-nos no Whatsapp
👀 Está sempre a voltar para aquele ex problemático? Nós também: siga-nos no X