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O Lounge adorna a noite lisboeta há 25 anos. Este sábado, celebramos

O bar da Rua da Moeda é um porto seguro, de portas abertas todos os dias. Faz 25 anos no sábado e, a partir das três da tarde, há muita e boa música para ver e ouvir. À borla.

Luís Filipe Rodrigues
Editor
Lounge
DR
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A esperança média de vida dos bares e discotecas não costuma ser elevada. Menos ainda numa cidade como Lisboa, há anos num acelerado processo de gentrificação e constante mudança. Ainda assim, o Lounge resiste. Está lá para nós há um quarto de século, sempre de portas abertas até às quatro da manhã, com diferentes estilos de música e propostas, dependendo da noite e do estado de espírito dos DJs convidados e residentes. Este sábado, 4 de Maio, celebra os 25 anos com uma grande festa, que extravasa para fora de portas e ocupa o beco da Rua da Moeda com concertos e DJ sets.

O programa das festas condensa num dia tudo aquilo que torna o Lounge especial. “Vamos ter concertos a começar durante a tarde, com palco montado cá fora, ao ar livre e com entrada livre”, anuncia Mário Valente, DJ e programador do bar, um dos grandes dinamizadores da noite lisboeta das últimas décadas. O primeiro a tocar, às 16.00 é Chinaskee, cantor e compositor que dá cartas na cena indie lisboeta há quase uma década, à frente da própria banda e noutros projectos. Segue-se, a partir das 17.15, Tormenta, duo de Ricardo Martins e Filho da Mãe, elevado a trio após a entrada de Jibóia para a formação. Pelas 18.30 sobe ao palco Filipe Sambado, que fez um dos melhores discos portugueses do ano passado, Três anos de Escorpião em Touro, exercício de afirmação e purga enformado pela hyperpop e o shoegaze. Por fim, às 19.45, entram em cena os brasileiros Venga, Venga.

“A festa continua depois lá dentro, com vários dos nossos DJs residentes e outros tantos convidados que nos são muito queridos”, continua Mário Valente. E só acaba às quatro da manhã. Além dele próprio, o alinhamento completo inclui Alcides, André Vii Granada, Catarina Amaro, CVLT, Dupplo, Lena Huracán, Kierastoboy, Mighty Caesar, Pedro Beça, Señor Pelota e Trol2000. Haverá ainda algumas surpresas. Sem adiantar pormenores, o programador sugere que “quem costuma vir aos nossos aniversários já sabe mais ou menos o que esperar nesse capítulo”.

A diversidade das propostas, neste aniversário e ao longo dos últimos 25 anos, “talvez ajude a explicar” a longevidade e o carinho que quase toda a gente sente pelo Lounge. Há poucos sítios tão consensuais como este, que nos últimos anos inspirou canções de Putas Bêbadas (“Nível Lounge”) e VEENHO (“Straight Edge Corner”). “Sempre quisemos que fosse um espaço heterogéneo, aberto a todos os gostos e feitios”, diz o programador. Já o sócio-gerente, Mike Mwaduma, faz questão de destacar “o trabalho incrível de todos os que dedicam o seu tempo persistentemente, de forma mais ou menos visível, para que o Lounge aconteça todos os dias”.

Lounge Bar
Inês Calado RosaLounge Bar

Longa vida ao Lounge

Nestes 25 anos, “mudou muita coisa”, reconhece Mário Valente. “O bairro está a atravessar uma das maiores transformações no tecido urbano da cidade nos últimos anos e tem vindo a tornar-se num sítio cada vez mais diverso e cosmopolita”, conta o proprietário. “O próprio circuito da música ao vivo mudou, e isto não é só um fenómeno português”, defende o programador. “Há menos bandas internacionais em tour, e muitas menos a passar por Portugal. As bandas nacionais também tocam menos porque o circuito mirrou, e isso é uma pescadinha de rabo na boca”, analisa. “Há menos dinheiro, o público envelheceu, os miúdos mais novos estão mais focados em grandes eventos e festivais.”

“Mas no que toca ao clubbing, acho que Lisboa nunca esteve tão viva. Como DJ, as melhores noites que tive no Lounge foram precisamente nestes últimos meses ou par de anos. A energia e vontade de libertação estão a bater nos vermelhos”, segue Mário Valente. “O trabalho duplicou, mesmo triplicou, à conta de haver cada vez mais gente ligada ao deejaying, não só nacionais mas também os vários novos residentes de Lisboa que vêm de outros países. São tantos contactos diários, entre emails e mensagens nas redes, que se torna cada vez mais complicado arranjar espaço na agenda para tanta gente talentosa. O difícil é mesmo fazer essa selecção.”

O que não mudou foi o que se paga para ver estes concertos e DJ sets: nada, zero. Desde sempre. “É nossa ‘missão’ ter sempre a entrada gratuita, para mais público curioso querer descobrir os novos talentos”, defende o programador. “O modelo de entrada gratuita pressupõe que o foco comum esteja essencialmente no desejo de oferecer as propostas ao público mesmo que para isso se tenham por vezes de fazer concessões noutras vertentes do espectáculo”, desenvolve Mike Mwaduma. 

“O Lounge tem conseguido manter-se fiel ao conceito inicial e ser assim diferenciador fazendo o que sempre fizemos”, conclui o sócio-gerente. “Nos últimos anos e em particular desde a pandemia que nos habituámos a observar o futuro a prazos cada vez mais breves, mas enquanto for possível, vamos continuar na nossa ilha a fazer o que temos vindo a fazer até aqui com a mesma vontade e empenho de sempre.” Tomara que continuem por muitos anos.

Lounge. Rua da Moeda, 1. Seg-Dom 22.00-04.00. 25 anos: 4 Mai (Sáb). 15.00-04.00. Entrada livre 

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