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Mais de um ano e meio após o fecho das instalações em Alfama, que ocupou durante 111 anos, o Lusitano renasce num novo espaço. Falámos com o presidente.
A 27 de Fevereiro de 2017, vésperas de Carnaval, o clube centenário despedia-se em grande com concertos de Marante e Gonçalo Gonçalves. Uma festa que pode recordar no documentário Lusitano Clube: 111 Anos e 10 Dias, que será projectado este sábado na nova casa (no seu 113.º aniversário), após a uma estreia no FIKE – Festival Internacional de Curtas Metragens de Évora, a 22 de Novembro. Mas já falamos do futuro. Vamos primeiro ao passado recente.
“Agora rio-me, mas foi uma coisa surreal”, desabafa David Costa, presidente do Lusitano Clube quando lhe pedimos para nos contar o que aconteceu desde então. O despejo do 81 da Rua de São João da Praça foi motivado pelo que David chama de “a novela de Lisboa”. Um investidor privado queria fazer apartamentos de luxo no prédio e não havia espaço para mais. O sentimento de frustração da equipa que resgatou o clube de um momento mais complicado foi gigante. “Estávamos a funcionar bem e foi uma altura particularmente má, muito frustrante, não tínhamos grande esperança”, explicou David. Na altura a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior não atendeu o pedido de ajuda, mas mesmo assim não atiraram a toalha ao chão e criaram uma petição pública que angariou assinaturas suficientes para chegarem à Assembleia Municipal de Lisboa. Provaram que não eram uma colectividade que só servia copos. Tinham no currículo largas centenas de concertos e uma diversa panóplia de actividades. E, reconhecida a importância para a cidade do histórico de Alfama, a Câmara Municipal de Lisboa, dentro daquilo que era o seu património na zona, arrendou ao Lusitano Clube um espaço na porta 29 da Escolas Gerais. Um contrato assinado em Maio de 2017 e um processo burocrático e demorado que acabou por baralhar as contas ao clube. “Um ano e meio desmobiliza, provocou o afastamento de sócios e simpatizantes. Temos aqui implicações negativas que não sabemos aonde vão chegar”, lamenta David, enquanto faz contas ao grande investimento que tiveram de fazer entre obras, licenças ou deslocações, só para dar alguns exemplos.
Mas a vontade de continuar é forte. “Queremos trazer pessoas e o Lusitano é um espaço aberto, para todos”, diz o presidente. A comunidade local foi auscultada para perceber que tipo de actividades faria sentido desenvolver no novo espaço, mais pequeno. E uma das grandes novidades é a reactivação do grupo de teatro, uma actividade histórica no Lusitano que fará uma importante ligação entre o passado e o futuro. A oferta será diversificada e estão abertos a propostas dos moradores para a dinamização do espaço, porque, como sublinha David, “quase toda a gente tem um hobbie e o clube é o palco para as actividades das pessoas”.
A porta já está aberta para testar o serviço e alguns equipamentos, mas a grande festa de inauguração está marcada para este sábado, 1 de Dezembro. Às 19.00 será projectado o documentário (numa sala que poderá receber diversas actividades), um filme de Nuno Gervásio e Ricardo Reis que reflecte tudo o que estava a acontecer na cidade por altura da saída do Lusitano das antigas instalações. E às 20.00 começa a tradicional feijoada de aniversário, que pode provar por uns simbólicos 3€.
Os antigos sócios ainda não regressaram, mas vão entrando moradores com muitas histórias para contar sobre o antigo Lusitano. Histórias que também são contadas nas mesas-museu feitas à medida com fotografias e notícias antigas do clube. Ou num armário com preciosidades como uma máquina automática de bingo ou um antigo projector de filmes.
Escolas Gerais, 29. 93 894 7818. Ter-Qui 09.00-18.00, Sex-Sáb a partir das 09.00
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