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É raro haver quem nunca tenha ouvido falar de O Melhor Pão de Ló do Universo. Descoberto por Miguel Júdice na aldeia de Folgoso, na margem esquerda do rio Douro, o pão-de-ló da família Oliveira faz crescer água na boca só de se olhar para ele. Presença assídua em vários pontos da cidade, como o Nós é Mais Bolos no Time Out Market, a sobremesa ganha agora o seu próprio espaço com a abertura de um salão de chá e bolos no Príncipe Real.
Diz-se que a confecção é simples: ovos, açúcar e farinha, é quanto basta. Mas, depois de se pôr olhos nas fatias fofas e húmidas, é impossível não questionar a existência de um qualquer ingrediente secreto na receita que atravessa gerações. Feito de forma artesanal, O Melhor Pão de Ló do Universo é retirado do frio duas horas antes de ser servido, para descongelar à temperatura ambiente. Ao fim desse tempo, fica como se tivesse acabado de sair do forno. Na versão tradicional, de ovo, ou na de chocolate, podemos comê-lo simples ou ainda mais guloso, com coberturas.
No novo salão do Príncipe Real, instalado numa antiga lavandaria, entretanto recuperada, somos convidados a juntar às fatias (3,50€) diferentes extras (1,50€-4€) como fios de ovos, frutos vermelhos, calda de chocolate, caramelo salgado, lemon curd ou gelado de pão-de-ló com ovos moles e praliné de amêndoas. A seguir, vem o desafio, o de resistir a levar um inteiro para casa. O grande (28€/900g) serve 12 fatias generosas. Mas também há médio (20€/600g), para oito, e pequeno (10€/250g), para quatro. Se preferir, a versão em bolo (33€/1,3kg), apesar de mais massuda, também promete fazer sucesso.
“Já vendemos este pão-de-ló há muitos anos e em todo o país. Mas queríamos ter um espaço onde as pessoas soubessem que há sempre em todos os tamanhos, todas as variedades, todos os sabores”, conta-nos Júdice. “Como fazia sentido haver mais oferta complementar, decidimos apostar em chá, porque não há assim tantos sítios de chá em Lisboa. É estranho se pensarmos que foi nesta cidade que começou o ritual do chá, com a rainha D. Catarina de Bragança, que depois o levou para Inglaterra. De certa maneira, Lisboa é – ou pode ser – a capital do chá. Daí associarmo-nos à Companhia Portugueza do Chá. Lá só podemos comprar. Neste salão, temos uma carta com cerca de 20 referências.”
Entre Earl Grey Portugal, chá preto com bergamotas portuguesas, e Recordações do Sião BIO, um blend de chá verde orgânico com limão e gengibre, há opções para todos os feitios e ocasiões. Frutado e floral, o Gaspar, por exemplo, é apresentado como “um delicioso chá gourmet para a tarde”. Se o quiser provar no local, um bule pequeno fica a 3€ e um grande a 5,50€. Há ainda os chás frios do dia (2,50€), perfeitos para acompanhar com scones, simples (3,50€), de chocolate, com mirtilos ou vegan com farinha integral (4€). Servidos com manteiga e compotas, são caseiros, feitos por Rita Féteira, que também nos dá as boas-vindas atrás do balcão, e podem levar lemon curd (1,50€).
As propostas podiam ficar por aqui. Mas Miguel Júdice quis abrir um salão que não funcionasse apenas para o chá das cinco e resolveu trazer algumas propostas do Naked, de que também é proprietário. Para refeições ligeiras, o menu de almoço (10€-13€) contempla tartes salgadas, tostas com pão da Gleba ou bowls, como a de couscous de brócolos e couve flor, com cogumelos salteados, frutos secos e rúcula com vinagrete de citrinos. Há ainda um All Day Brunch (16€), com bebida quente ou chá frio, tosta com abacate e ovo mollet, iogurte com fruta e granola Naked, sumo do dia e uma fatia d’O Melhor Pão de Ló do Universo, tarte Naked ou scones.
Para o futuro, ainda não há planos definidos. A ambição é continuar a adoçar as bocas de todos os fãs d’O Melhor Pão de Ló do Universo. E, quem sabe, apostar mesmo na ideia de tornar Lisboa a “capital do chá”. De salão em salão, talvez o ritual pegue. Por enquanto, só no Príncipe Real, no número 54 da Rua Nova de São Mamede, ou em entrega ao domicílio, através da Uber Eats.
Rua Nova de São Mamede 54. Seg-Sex 12.00-19.00 e Sáb 10.00-19.00 (até às 15.30 enquanto durarem as actuais restrições).
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