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O mexicano Potzalia “não é moda, é comida”

É a casa da “deusa do pozole”, uma caldo mexicano feito com milho branco. Em Entrecampos, longe da vista, abriu um espaço com muita alma latina.

Teresa David
Escrito por
Teresa David
Jornalista
Potzalia/ Amira e Sandra
Ricardo LopesPotzalia/ Amira e Sandra
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Sandra Ruiz é a mais nova de quatro irmãs. Na Cidade do México, onde cresceu, eram as mais velhas, juntamente com as avós e com a mãe, que se ocupavam da cozinha. Sandra observava, cortava cebola e levantava depois a mesa “porque ninguém queria fazer”, conta. Mal sabia ela, nessa altura, que anos mais tarde ainda se lembraria dessas receitas e que as utilizaria para abrir um restaurante. O Potzalia é, desde Janeiro, a presença mais colorida do pacato Multicentro, em Entrecampos. Por lá, serve-se comida típica mexicana, sem adaptações de outras partes do mundo, certifica a responsável. “A comida mexicana não é gourmet”, garante. E, por isso, o Potzalia “não é moda, é comida”. Comida de casa. 

Mas o interesse pela comida não foi, então, imediato. Em 2012, Sandra planeava apanhar um avião para a Europa, depois para Kuala Lumpur e viajar pela Ásia, mas por causa da validade do seu passaporte optou por aterrar em Portugal. A estadia temporária no país luso tornou-se permanente depois de ter conhecido o marido através do couchsurfing, com quem teve dois filhos. “Em quatro dias decidimos que íamos juntar as nossas vidas”, partilha. Era especialista em comércio internacional e só fez nascer o Potzalia quando começou a sentir falta da comida do seu país. Pôs-se a cozinhar em convívios com amigos expatriados, que insistiam para que Sandra fizesse da sua comida negócio. Aventurou-se primeiro em feiras e mercados e mais tarde chegou à EatTasty. No espaço que abre agora conta com a ajuda da conterrânea Amira. 

Potzalia
Ricardo Lopes

Nesta casa, sente-se o México em toda a parte. O vidro que separa a zona de almoço do balcão e da cozinha está forrado com o típico papel picado, aqui com figuras que remetem para o Día de los Muertos — esqueletos de várias formas e feitios. As toalhas que cobrem as mesas são multicor e têm flores desenhadas. Há pequenos jarros com cactos a enfeitar e cores da bandeira do México numa das paredes. Este espírito também é evidente nos horários de funcionamento. “Recebemos muitos latinos e nós não almoçamos às 13.00. Começamos o almoço a partir das 15.00. É por isso que à quinta, sexta e sábado estamos abertos o dia todo. Já sei que quando aparece alguém às 16.00 é latino”, esclarece Sandra. 

Potzalia
Ricardo Lopes

Passemos então aos comes e bebes. Facto importante: há pozole (10€), um caldo de milho. “Um prato muito típico”, diz Sandra, servido em todas as datas importantes, como as celebrações do ano novo ou o dia da Independência. “É um processo difícil, demorado, e nem toda a gente sabe fazer. Foi a minha mãe que me ensinou”, detalha. É por causa da sua perícia na confecção do pozole, muito gabada pelos seus compatriotas, que o espaço se chama assim. Potzalia é um nome inventado por estes amigos mexicanos para se referirem à "deusa do pozole": Sandra. Além desta sopa, estão disponíveis no menu outras relíquias do México. É o caso da quesadilla (4€), mas também dos tacos (três por 8€, cinco por 11€) e dos burritos (8€) que chegam com vários recheios, os mesmos para ambos. No caso dos tacos, provámos o de língua de vaca com molho negro, o de pulled pork, e o de frango chipotle. Tudo isto acompanhado por molhos feitos na casa. Para sobremesa, o guava flan, um pudim com queijo e especiarias, é um dos favoritos (2,50€), mas também o tres leches (2,50€). Nas bebidas, pode provar a tradicional horchata, feita com água de arroz ou o jamaica, um chá feito com as flores da vinagreira (1,50€ o copo, 6€ o litro), mas também as alcóolicas margaritas (4,50€). 

Potzalia
Ricardo Lopes

No futuro, Sandra quer que o Potzalia cresça. Mas não em tamanho. “Temos muita vontade de crescer. Este espaço começou a ficar pequeno muito rápido. Mas não queremos espaços enormes, onde já não se sente a família. Porque este é um espaço familiar. Queremos que as pessoas se sintam como em casa. São parte do sonho e isso não se consegue com espaços muito grandes”, revela. “Vejo um restaurante pequeno, onde temos a oportunidade de oferecer muito carinho, muito amor e muitos sorrisos.”

Av. Álvaro Pais 13 (Entrecampos). Ter-Qua 12.00-15.00. Qui-Sáb 12.00-20.00. 

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