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Doom é um dos videojogos mais influentes da história – porventura o mais influente. Lançado no final de 1993, pela id Software, tornou-se um fenómeno do dia para a noite e ainda hoje continua a ser jogado e actualizado. Esta longevidade deve-se não só às suas mecânicas e visão revolucionária, como à disponibilização do seu código-fonte para fins não lucrativos desde o final dos anos 90. É por isso que, hoje, é possível jogá-lo em qualquer dispositivo com um processador – dos computadores às calculadoras e testes de gravidez – e que uma comunidade de fãs e programadores continua a actualizá-lo e reimaginá-lo. Foram eles que, há uns anos, tornaram a antiga primeira-ministra e inimiga dos trabalhadores britânicos Margaret Thatcher num dos demónios que devemos matar no jogo. E que, agora, o protagonista anónimo de Doom é um crítico de arte.
Talvez não seja um crítico de arte. Se calhar é um coleccionador. Ou um amigo dos artistas. O que é certo é que está sozinho, na inauguração de uma exposição, com obras de arte de todo o mundo, vinho e uns canapés – com sorte, ainda consegue encontrar umas cervejas. E, à saída da galeria, pode comprar uma recordação, em Doom: The Gallery Experience. Disponível online, pode ser jogado em qualquer smartphone ou computador (nestes últimos também é possível instalá-lo), completamente de graça. É impossível morrer ou disparar contra quem quer que seja, e é possível chegar ao fim em pouco mais de um minuto ou passar uma hora colado ao ecrã. Há quem discuta se é sequer “um jogo”.
Num e-mail, Filippo Meozzi – um dos seis elementos dos estúdios Scum Dog, a falar em nome do colectivo – refere-se a Doom: The Gallery Experience como “uma criação artística que parodia o maravilhosamente pretensioso mundo das inaugurações de exposições”. O director artístico deste projecto “trabalhou como fabricante e conservador de arte nos últimos e está actualmente a terminar a licenciatura em artes plásticas, pelo que estava muito familiarizado com estas inaugurações. E, na maior parte das vezes, seguem o mesmo guião: há vinho, queijos e mexericos, enquanto se anda e admira as obras expostas”. Farto desta rotina, o interlocutor da Time Out decidiu meter mãos à obra. “O Doom é um jogo sobre ir ao inferno e combater demónios, com um ambiente opressivo e às vezes difícil de navegar. Tal como as inaugurações de exposições, em galerias pretensiosas”, defende.
A equipa não fazia parte da vasta comunidade de criadores de mapas e outros mods para o clássico da id Software, mas conhecia o seu trabalho e sentiu-se inspirada pela criatividade dos seus membros. “O Doom é mais do que um jogo de vídeo – é um meio para contar histórias e partilhar ideias. É uma plataforma altamente versátil e reconhecível”. Filippo reconhece que há quem queira “demónios à solta ou pelo menos atirar um copo de vinho às paredes. No entanto, isso comprometeria o cerne do jogo – é apenas uma galeria de arte. Pode-se circular, comer queijo, comprar algo na loja e apreciar as peças”. E, convenhamos, elas merecem ser apreciadas. Todas as obras de arte representadas fazem parte da colecção do Metropolitan Museum of Art, em Nova Iorque, e, quando clicamos nelas, somos transportados para a página do MET, onde é possível saber mais sobre a sua história. Quem é que disse que não se aprende nada a jogar?
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