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Dezasseis anos. É uma idade bonita, mas sem grande significado para a maioria dos portugueses. No entanto, nos Estados Unidos da América, que há décadas colonizam a nossa imaginação, é uma data especial – quem não se lembra do My Super Sweet 16 da MTV? E no Musicbox, que ocupa desde os anos zero o espaço outrora do Texas Bar, a ocasião também é celebrada com pompa, circunstância e quatro dias de festa, entre 7 e 10 de Dezembro. Com velhos amigos e novos conhecidos, em cima do palco e cá em baixo na pista.
Foram 16 anos “a evoluir juntamente com Lisboa”, nas palavras do programador Pedro Azevedo, que se juntou à equipa em 2008, seis meses depois da abertura e contribuiu directamente para esta evolução. “Têm sido anos de muita aprendizagem e cada vez mais responsabilidade para com o público e com a cidade”, continua. “Sentimos que o Musicbox já é um espaço intemporal e daí o [lema] ‘16 years young, 16 years old’. Entre estreias e artistas que acompanhamos desde o início construiu-se um ciclo programático que tanto questiona como desafia a intemporalidade.”
O programa arranca na quarta-feira, 7 de Dezembro, com uma série de concertos e DJ sets de entrada livre, algo que Pedro descreve como “uma tradição intermintente”. Entre as nove e a meia-noite, a música vai do screamo dos Hetta, excelente banda do Montijo que nos legou este ano o EP Headlights, ao trap e r&b de mulheres como Cookie Jane, Iolanda (que conquistou todos os que viram o concerto de há um mês e meio, no Lounge, durante o MIL) e Leexo (também d’As Docinhas). Depois, há DJ sets de Deekapz, Trafulha e Love In The Endz.
Segue-se, na quinta-feira, 8, a estreia no Musicbox de Sopa de Pedra, colectivo vocal portuense que pega no cancioneiro tradicional português para fazer música polifónica e salvífica. Do Claro ao Breu, o segundo disco destas mulheres do Norte, foi editado há uns meses pela Lovers & Lollypops e merece ser ouvido com o coração e os ouvidos bem abertos. Quando elas acabarem de cantar, Diana Oliveira e Meibi vão tomar conta da mesa de mistura.
Mais especial ainda vai ser o concerto de Capitão Fausto na sexta-feira, 9. Mais não seja porque, em 2022, não é todos os dias que temos o privilégio de ver a popular banda portuguesa de rock psicadélico numa sala tão pequena – e se os quiserem ver é bom que se despachem, porque os bilhetes estão quase esgotados. Aliás, só os vamos ver lá porque “o Musicbox é uma segunda casa para [os Capitão Fausto]”, segundo Domingos Coimbra. “Desde que começámos a tocar foi sempre um clube que acolheu as nossas aventuras e que acompanhou e apoiou o nosso crescimento.”
“Muitas das memórias mais felizes que temos como banda são de lá: dos concertos de apresentação dos álbuns, às festas várias, os concertos de Natal e dezenas de outras ocasiões. Já tocámos (incluindo festas da Cuca Monga e de outras bandas onde tocamos) mais de 30 vezes lá”, continua o músico dos Capitão Fausto. “Existe esta ideia, consensual, de que o Musicbox está disponível desde a sua génese para ser casa ecléctica dos mais diversos projectos artísticos que crescem na cidade, no país e no mundo. Celebrar o seu aniversário é celebrar a existência de um espaço que tem cumprido essa tão basilar função na cidade de Lisboa.”
Quando o relógio anunciar a meia-noite de sábado, 10, o palco vai ser ocupado pelos Ko Shin Moon, duo de música electro-folk pela primeira vez no Musicbox. E o resto da madrugada é entregue a Chima Hiro. Quando voltar a ser de noite, ainda no sábado, vai ouvir-se o reggaetón do cantor chileno-dinamarquês Ivan$ito e o emo-trap e cloud-r&b do português Extrazen, que lançou este ano o EP I Think I Think Too Much e actua pela primeira vez na capital. Segue-se mais uma Noite Príncipe, até o sol voltar a nascer no Cais do Sodré. É preciso escrever mais alguma coisa?
Musicbox. 7 Dez. 21.00. Entrada livre; 8-10 Dez. 22.00. 10€-18€.