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Um clássico é um clássico e nem a cara lavada depois de tanto tempo fechado e a funcionar apenas com esplanada apagou a aura do Pão de Canela, o café e restaurante da Praça das Flores. Se a esplanada continua igual a sempre, lá dentro mudou tudo, estando o espaço agora mais funcional (finalmente há ligação entre café e restaurante) e moderno. A carta também está cheia de novidades, mas os fins-de-semana e feriados continuam a ser de brunch.
“No fundo, já era tudo muito antigo, a cozinha era muito antiga e cada vez tínhamos mais clientes, o volume de trabalho era maior, e com as mesmas condições era difícil”, começa por dizer Filipa Machado, gerente do Pão de Canela, a par de Filipa Tavares (são conhecidas entre os clientes da casa como “as Filipas”).
As obras estavam planeadas ainda antes de a pandemia ter entrado no nosso léxico, mas acabaram por demorar mais por contingências dos tempos. Mesmo assim, o espaço praticamente não fechou, tendo estado a funcionar apenas com esplanada durante mais de um ano. O que aconteceu foi “quase um quiosque ao comprido”, onde tudo era preparado na rua (refeições ligeiras e rápidas e alguma pastelaria). “Fazia lembrar uma família que vai fazer campismo”, brinca Filipa Tavares. E nem aí o bairro abandonou o café, ou não partilhassem já 25 anos de vida. “Os nossos clientes de sempre continuaram a vir, nunca nos deixaram”, acrescenta a outra Filipa, realçando a importância de quase não terem estado fechados. “Isso foi ponto assente porque aqui as pessoas não vêm só beber café, vêm falar connosco, estar um bocadinho connosco. Gostam muito de nós.”
Agora que tudo está diferente, continuam as caras do costume, a mistura de clientes, dos mais velhos que param aqui todos os dias para dois dedos de conversa aos mais novos que escolhem muitas vezes o Pão de Canela como local de estudo. E os turistas, claro.
A decoração ficou a cargo da catalã Isabel López Vilalta, responsável, por exemplo, pelo design do três estrelas Michelin El Celler de Can Roca, em Girona. Do lado do restaurante, saltam agora à vista os azulejos irregulares em diferentes tons de azul e os grandes tapetes persas vermelhos. Do lado da cafetaria, é impossível desviar olhar do majestoso balcão, também ele revestido a azulejos azuis. Deste lado, a carta não mudou, mantendo-se a oferta generosa de pastelaria – os scones (1,80€) e os brioches (1,80€) são irrecusáveis, bem como os bolos do dia que dão cor ao balcão e a cobiçada tosta-mista em pão de aldeia (3,70€).
Já no restaurante, a carta levou uma volta, pela mão da chef Joana Duarte, que passou pelo Tapisco como sous-chef. Aos pratos de sempre, como o polvo à lagareiro (15,50€) e o bitoque na frigideira (12€), juntaram-se mais pratos para partilhar, dos peixinhos da horta com maionese vegan (9€) ao pica-pau da vazia (8€) e a salada de polvo (9€), que consegue ser um misto entre este petisco e o polvo à galega. E há ainda uma nova secção, dedicada aos pratos de forno com um magret de pato com puré de couve-flor e pickles de laranja (17€), um arroz negro com polvo, choco e maionese (27€/duas pessoas, mas a dar à vontade para três), e uma carne de porco desfiada, com batatas fritas e ovos estrelados (12€), “um género de ovos rotos”. Nos doces, continuam as benditas “farófias da Alice” (4€).
De segunda à sexta-feira, ao almoço, há um menu irresistível: por 11€ inclui sopa, prato do dia, sobremesa, bebida e café.
E, aos fins-de-semana e feriados, como não podia deixar de ser, é o brunch buffet que manda. “Com uma oferta mais diversificada e uma disposição mais cuidada”, explica Filipa Tavares. Por turnos (10.00-12.00, 12.00-14.00, 14.00-16.00), recomenda-se marcação (21€/adultos, 8€ crianças a partir dos 5 anos).
Por agora, o Espaço Canelinha, onde as crianças podiam brincar enquanto os pais se perdiam nas horas à mesa, não está a funcionar. “A verdade é que muitas vezes as crianças querem é andar na rua a brincar”, diz Filipa Machado. Ou não estivesse o Pão de Canela na Praça das Flores, colado a um pequeno parque infantil.
Praça das Flores 25-29. 21 397 2220. Seg-Dom 08.00-23.00
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