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Um dos primeiros moradores ilustres da Avenida dos Estados Unidos da América foi o escritor Vergílio Ferreira, que para lá foi viver com a mulher Regina, refugiada de guerra polaca, em finais dos anos 50 do século passado, quando se tornou professor efectivo do Liceu Camões. Isso aconteceu apenas alguns anos depois da fotografia desta página, mostrando os prédios daquela artéria, no sítio em que se cruza com a Avenida de Roma, ainda a serem construídos.
A Avenida dos EUA estava já planeada desde a década de 40, tendo sido feita na sua maior parte na década que decorreu entre 1951 e 1961, no âmbito de uma expansão da cidade de Lisboa, que tinha cada vez mais habitantes e uma classe média em desenvolvimento e cada vez mais próspera, e precisava que se rasgassem novas e amplas artérias, se fizessem novos bairros e erguessem mais, maiores e melhores prédios de habitação. Entre os arquitectos que participaram na construção da Avenida dos EUA contam-se nomes como Jorge Segurado, José Croft de Moura, Nuno Craveiro Lopes, Formosinho Sanchez ou Ruy D’Athouguia, entre vários outros. O responsável pela concepção dos espaços verdes foi o arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles.
Entre os estabelecimentos comerciais marcantes da Avenida dos EUA contam-se o Café Restaurante Vavá, o Luanda, a Grãfina e o Nova Iorque. O Vavá, particularmente, está associado ao nascimento do chamado Cinema Novo português, como ponto de encontro e de tertúlias de uma nova geração de cinéfilos e realizadores, para além de outros artistas, escritores e intelectuais. O filme Verdes Anos, de Paulo Rocha, foi rodado em boa parte no prédio do Vavá, onde aquele morava então. E Vergílio Ferreira nunca deixou a sua casa na Avenida dos EUA até morrer, em 1996.
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