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O pelotiqueiro foi outrora uma figura característica das ruas de Lisboa. Um dos mais famosos era o “Professor Antunes”, que vendia líquidos milagreiros de proveniência exótica.
O homem que fala aos basbaques em pleno Rossio nesta foto tirada no início do século passado não é um membro do governo, um dirigente político ou um sindicalista. É um vendedor de banha da cobra, ou pelotiqueiro, um espécime que na altura abundava na capital e costumava assentar banca na zona da Baixa. O vendedor de banha da cobra vendia cremes, unguentos, xaropes, misturas ou pastilhas que, assegurava, curavam toda a espécie de males: calos, unhas encravadas, queda de cabelo, cáries, dores de estômago e de cabeça, etc.
Os pelotiqueiros deram origem a uma cantilena que a miudagem entoava: “É banha da cobra/ não estica nem dobra/ mas mata a sogra!”. Eram ambulantes por natureza, vendendo os seus produtos na rua e nas feiras, e raramente tinham comércio de porta aberta. Até porque muitas vezes tinham que desmontar o estaminé com rapidez, quando a polícia aparecia. As mulheres pelotiqueiras eram mais raras. Um dos mais conhecidos vendedores de banha da cobra dos primeiros anos do século XX na capital era o chamado “Professor Antunes”, que costumava estar no Chiado, elegantemente vestido, de chapéu de coco e bem-falante. E que propunha, entre outros líquidos milagreiros, água curativa do rio Jordão e um xarope feito na Índia com ingredientes secretos que acabava com todos os males do aparelho digestivo.
Lisboa de outras eras:
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