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Está redondamente enganado quem pensa que as greves dos transportes só começaram em Portugal após o 25 de Abril. Elas já existiam há mais de 100 anos. Em 1912, dois anos após a proclamação da República, houve em Lisboa a primeira greve dos eléctricos, nos dias 29, 30 e 31 de Janeiro. Foi uma paralisação decorrente da greve geral dos operários marcada para esses três dias, por sua vez solidária com a greve dos trabalhadores agrícolas de Évora, causada por problemas laborais entre estes e os lavradores que os empregavam, resultando em confrontos entre grevistas e militares, feridos de ambos os lados e prisões.
A partir da manhã de 29 de Janeiro, apenas houve comboios em Lisboa, tendo parado todos os outros meios de transporte, nomeadamente os eléctricos. Os poucos que circularam foram ou assaltados por populares, que os obrigaram a parar ou a regressar ao destino com cachos de gente pendurados deles, ou então atacados à bomba. A 30 de Janeiro, foi declarado o estado de sítio na capital e o dia seguinte foi o último da greve geral, e da grande greve dos eléctricos. Alguns meses depois, a 8 de Junho, os eléctricos alfacinhas entraram de novo em greve. Os lisboetas tiveram que se deslocar a pé, ou recorrer a transportes alternativos: carroças puxadas por cavalos ou burros, diligências rurais, os poucos táxis que existiam então na cidade e camionetas de caixa.
Coisas e loisas de outras eras:
+ A noite em que o Teatro D. Maria II ardeu
+ Ir aos livros na Avenida da Liberdade