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O Pátio das Antigas: As lavadeiras saloias vêm à capital

Imortalizadas no cinema em ‘A Aldeia da Roupa Branca’, as lavadeiras de Caneças e de Loures vinham à cidade de carroça e mais tarde de camioneta, e eram indispensáveis aos lares lisboetas.

Escrito por
Eurico de Barros
As lavadeiras saloias
DR
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Uma das sequências mais memoráveis da história do cinema português é a corrida das carroças das lavadeiras da zona saloia do filme A Aldeia da Roupa Branca, de Chianca de Garcia (1939), que emula, salvo as devidas distâncias, a corrida de quadrigas de Ben-Hur. A fotografia desta página foi tirada em Lisboa, dez anos após a estreia daquele filme e, ao invés de carroças puxadas por burros, as lavadeiras já são transportadas em camionetas. Em geral provindas de Caneças e de Loures, na chamada “zona saloia”, as lavadeiras vinham à capital buscar a roupa das clientes para ser lavada nas ribeiras locais, e depois secada ao sol. Era a seguir embrulhada nas grandes trouxas, e trazida de volta, com pagamento no fim do mês. 

Escreve Marina Tavares Dias no volume 3 de Lisboa Desaparecida: “As caravanas atulhadas de trouxas de roupa branca, já lavada nas frescas águas das ribeiras mais próximas, chegava a Lisboa pela manhã. Distribuíam-se os fardos e renovava-se a encomenda.” Algumas estalagens da capital transformaram-se em poisos regulares de lavadeiras e condutores. Recorda ainda Marina Tavares Dias: “Muitas vezes, a única cama disponível para dormir era a própria trouxa dos lençóis para lavar. E, no dia seguinte, partiam trouxa e lavadeira, rumo aos arrabaldes, recomeçando o ciclo da roupa branca.” Para as recordar, restam a fita de Chianca e fotografias como esta.

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