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O Pátio das Antigas: Ir aos livros na Avenida da Liberdade

Durante várias décadas, a Feira do Livro esteve de pedra e cal na Avenida da Liberdade, com cafés, pastelarias, restaurantes, teatros e cinemas dos dois lados da artéria. Havia quem fosse comer ou ver uma peça ou um filme, antes ou depois de passar pela feira.

Escrito por
Eurico de Barros
Feira do Livro na Avenida da Liberdade
Artur João Goulart/AML
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A Feira do Livro de Lisboa já andou por vários sítios da cidade, desde a sua primeira edição, em Maio de 1930, no Rossio, quando ainda se chamava Semana do Livro e não chegava a ter 20 pavilhões. Chegou a passar pelo Terreiro do Paço, na década de 90, de onde saiu rapidamente após uma inesperada tempestade de Primavera ter destruído uma série de pavilhões e causado bastantes prejuízos aos expositores.

A Avenida da Liberdade foi o local em que a feira teve mais edições. Primeiro, no quarteirão entre a Calçada e a Travessa da Glória, do início dos anos 40 até meio dessa década (quando voltou ao Rossio). E depois, de finais dos anos 50 até à década de 80, quando “subiu” um pouco mais na avenida. O sítio apresentava muitas vantagens. Vários transportes mesmo à mão, tal como cafés, pastelarias, restaurantes, teatros e cinemas dos dois lados da artéria (havia quem fosse comer ou ver uma peça ou um filme, antes ou depois de visitar a feira); árvores para dar sombra, e bancos e zonas relvadas onde as pessoas podiam sentar-se para descansar e folhear os livros que tinham comprado; e um declive pouco pronunciado, que permitia andar-se “pavilhões acima, pavilhões abaixo”, como escreveu o jornalista António Valdemar no DN, sem grande cansaço.

O único senão era o tráfego automóvel, cujo gradual aumento, afectando a qualidade do ar e fazendo subir o perigo de acidentes, acabou por tirar a Feira do Livro da Avenida da Liberdade e levá-la, finalmente, para o lugar que ocupa hoje, no Parque Eduardo VII. Mas quem ainda ali a frequentou nunca mais se esquece da experiência de andar a ver e comprar livros, para cima e para baixo, no meio de uma das mais importantes artérias da cidade, numa noite amena de Primavera.

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