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Abriu no século XIX, chegou a fechar na década de 90, mas reabriu mais tarde, com o nome que tinha há mais de cem anos: Café Gelo.
Chamou-se Botequim do Gonzaga e Café Freitas antes de ser Café Gelo. É um dos cafés mais antigos de Lisboa, datando do século XIX. Foi sempre um lugar de conspiração, e frequentado por artistas, escritores, intelectuais e gente da política. Por lá passaram Alfredo Costa e Manuel Buíça, os assassinos do Rei D. Carlos e do Príncipe D. Luís Filipe, mas também Raul Leal e Fernando Pessoa, Mário Cesariny, Luiz Pacheco e Herberto Helder, estes membros de uma célebre tertúlia de surrealistas que lá se reunia, “O Grupo do Gelo”, e que se meteu em sarilhos com a polícia, e com a PIDE, durante uma manifestação proibida pelo governo, no 1.º de Maio de 1962. O “Grupo do Gelo” mudou então de poiso, para o desaparecido Café Palladium, na Avenida da Liberdade, e o Gelo pôde continuar a ficar aberto. Na foto desta página, tirada no Natal de 1966, vemos a fila em frente ao café para comprar o seu bolo-rei.
De Café do Gelo, o estabelecimento passou a ser apenas Gelo na década de 50, e mudaria de aspecto nas duas décadas seguintes, com a introdução de um snack-bar. O letreiro de néon com o seu nome foi retirado nos anos 90 e o espaço passou a ser ocupado por uma hamburgueria. No início deste século, em 2003, os novos proprietários recuperaram o nome de Café Gelo para a pastelaria e restaurante que lá abriram, e que tem contada nas paredes alguma da sua história.
Lisboa de outras eras:
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