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Há 70 anos, em plena época do Carnaval, abria na Avenida da Torre de Belém, perto deste monumento, o Cinema Restelo, que tomava o lugar do velho Cinema Belém-Jardim e vinha servir à altura uma das zonas nobres de Lisboa, com uma programação cuidada. A fita de estreia foi italiana, O Capote, de Alberto Lattuada, adaptação da obra de Nicolau Gogol, com Renato Rascel no papel principal. O emblema da sala era uma caravela, em referência aos Descobrimentos, que aparecia impressa nos bilhetes.
O Restelo era muito maior do que um típico cinema de bairro, com mais de mil lugares, distribuídos por duas plateias e um balcão, e excelentes condições técnicas, nomeadamente a possibilidade de projecção de filmes em 3D. Chegou a ter o maior ecrã do país, até ser depois ultrapassado pelo Monumental. Havia na entrada um pequeno jardim de plantas exóticas, em especial cactos, que davam um toque original à sala. Outro dos pormenores da decoração do Restelo era uma bola de espelhos. Antes de cada sessão, tocava sempre um gongue e assistia-se a um jogo de luzes.
Na década de 70, sofreu obras de remodelação e a lotação foi reduzida para pouco mais de mil lugares, um sinal antecipado da crise que atingiria uma grande parte dos cinemas da capital nos anos 80 e levaria ao encerramento (e até à demolição) de salas grandes e pequenas. O Restelo também não escapou a esse destino e acabou por fechar mesmo no final da década de 80. O cinema ao pé da Torre de Belém desapareceu e no seu lugar está hoje um prédio moderno que aloja um supermercado, um banco e comércios e serviços vários.
Coisas e loisas de outras eras
+ O restaurante que tinha um cinema
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