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Foi o grande arquitecto Joaquim Norte Júnior que projectou o edifício que, mais ou menos a meio da Avenida da Liberdade, do lado de quem sobe dos Restauradores para o Marquês de Pombal, iria albergar o hoje totalmente esquecido Hotel Lis, uma sóbria e elegante construção contígua ao Cinema Tivoli, e que na primeira versão tinha apenas rés-do-chão e primeiro andar.
Acabado em 1926, o edifício começou por albergar a curiosamente chamada Boa Pensão, que no ano seguinte mudaria o nome para Pensão Tivoli, certamente por causa da vizinha e prestigiada sala de espectáculos. Nesse mesmo ano de 1927, o prédio foi distinguido com o Prémio Valmor. Este galardão iria causar problemas ao proprietário, que ao querer acrescentar-lhes mais dois andares, de novo com projecto de Joaquim Norte Júnior, viu a Câmara Municipal de Lisboa vetar-lhe a intenção. O problema acabou por ser resolvido e, em 1932, os moradores da Avenida da Liberdade viram o edifício “crescer”, e a Pensão Tivoli que lá se encontrava ser transformada em Pensão Lis, agora com mais espaço, mais quartos e um serviço mais requintado.
Cinco anos depois, em 1937, a Pensão Lis foi rebaptizada Hotel Lis, tendo como símbolo, tão discreto como o próprio edifício, uma flor de lis. Um ano antes, havia sido inaugurado, um pouco mais abaixo no mesmo passeio, o Hotel Vitória, com projecto de Cassiano Branco, e no outro lado da avenida erguia-se, desde 1930, o primeiro Hotel Tivoli. O Lis teve um hotel “irmão”, o Miraparque, com a mesma gerência, na Avenida Sidónio Pais, e fechou em finais da década de 70, devido às convulsões do pós-25 de Abril, que atingiram também o ramo hoteleiro. Foi demolido nos anos 90, ficando apenas de pé a fachada, fazendo hoje parte da estrutura do luxuoso Tivoli Forum e sendo usado para escritórios. Quem ali passa hoje, não imagina que lá esteve instalado o hotel mais discreto da Avenida da Liberdade.
Coisas e loisas de outras eras
+ O teatro que teve um burro em palco
+ O Palácio das Comunicações com vista para o rio