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No tempo em que os restaurantes em Lisboa ainda se confundiam com as casas de pasto, o Restaurant Club, inaugurado em Dezembro de 1874 no Chiado (então o centro da vida social, comercial, cultural e boémia de Lisboa) pelo chef José António da Silva, foi um dos primeiros verdadeiros restaurantes de luxo da capital. Chamavam-lhe também o “Restaurant Silva”, e para os habitués e os amigos e íntimos do proprietário, era apenas “O Silva”.
Sabemos pela imprensa da época que a inauguração constituiu um grande sucesso, e que da ementa constavam pratos como a Potage Perles de Nizan, os Filets de Veau à Milanaise ou a Charlotte Russe. Isto porque na época (e não apenas em Portugal), o costume nos restaurantes mais selectos era apresentar o menu em francês. Frequentado pelas melhores famílias da capital, por aristocratas, empresários, artistas, escritores (caso de Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão), jornalistas e boémios em geral, o Restaurant Club apresentava ainda a particularidade de ter requintados gabinetes privados, nos quais, e por exemplo, se fazia o célebre “sorteio da cocotte”, em que os comensais mais endinheirados sorteavam entre si a prostituta de luxo mais bonita e cobiçada de Lisboa. Nesses mesmos gabinetes com perfume de escândalo para os mais facilmente chocados, foi também criado e escrito um semanário humorístico muito popular na altura, a Gazeta do Chiado.
O chef José António da Silva morreu em 1892 e o Restaurant Club esteve fechado a seguir durante algum tempo, reabrindo em 1897 com um novo dono, que manteve a sua elevada qualidade e alta reputação – e os indispensáveis gabinetes privados. Encerrou de vez em 1937.
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