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Realeza de todo o mundo, estrelas de cinema, aristocracia internacional, figuras do jet set, milionários, industriais e playboys. A 4 e 6 de Setembro de 1968, Portugal assistiu a um colossal (e nunca mais repetido) desfile de celebridades, convidadas para as grandes festas dadas nas suas sumptuosas propriedades de Colares e Alcoitão, respectivamente pelo milionário do petróleo francês Pierre Schlumberger, casado com uma portuguesa de ascendência alemã, Maria da Conceição, e pelo “rei do estanho” boliviano, Antenor Patiño, e sua mulher Beatriz.
Audrey Hepburn, Gina Lollobrigida, Capucine, Zsa Zsa Gabor (que protagonizaria um escândalo ao deixar o Hotel Ritz sem pagar a conta, depois esbofetearia o infortunado funcionário que lha foi apresentar, no Hotel Palácio do Estoril, e acabaria como convidada do dono do hotel Estoril-Sol), Yul Brynner, Maria Félix, Curd Jurgens, Gunther Sachs, Henry Ford II, Dominguin, Soraya (ex-imperatriz da Pérsia), Begun Aga Khan, Ira de Furstenberg, Margarida da Dinamarca, a duquesa de Argyll, Vala Byfield, então uma das mais belas mulher do mundo, ou a baronesa Rotschild foram algumas das figuras internacionais que marcaram presença numa das festas milionárias ou em ambas (que duraram até ao raiar do dia, tendo sido servidos pequenos-almoços junto às piscinas). E trouxeram em antestreia mundial modelos da alta-costura de Dior, Balenciaga, Valentino, Balmain, Hermès, Marc Bohan, Givenchy ou Nina Ricci, mostrando também jóias valiosíssimas. Entre os portugueses convidados para as festas Schlumberger e Patiño, contaram-se Mary Espírito Santo, Maude Queiroz Pereira, Maria Amélia de Mello, Maria Teresa Pinto Basto, João Mayer ou Ricardo Ricciardi.
As crónicas das festas ficaram feitas por Vera Lagoa nas páginas do já desaparecido vespertino Diário Popular, com todo o detalhe e de forma implacável (a lendária jornalista e autora escreveu então que Gina Lollobrigida “estava pirosíssima”. “Sempre a achei assim, mas desta vez exorbitou”, escreveu, elegendo Vala Byfield “a mais bem vestida de todas”).
Os 30 agentes da PIDE destacados para vigiar a Quinta Patiño tiveram obrigatoriamente que usar smoking. A noite da festa Patiño ficou também marcada pelo internamento e pela cirurgia de urgência do presidente do Conselho, Oliveira Salazar, no Hospital da Cruz Vermelha, na sequência da queda dada a 3 de Agosto, no Forte de Santo António. Uma notícia que pegou como “fogo no capim” entre os 1500 convidados do “rei do estanho” – e que prenunciava o início do fim do antigo regime.
Coisas e loisas de outras eras:
+ A grande greve dos eléctricos de 1912
+ A noite em que o Teatro D. Maria II ardeu