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No tempo em que os cavalheiros usavam todos chapéu e bengala (o primeiro tirava-se às senhoras na rua, a segunda aplicava-se na cabeça ou nos costados dos malcriados e dos adversários políticos), um dos endereços privilegiados para a compra daquelas era a Casa das Bengalas, propriedade de António da Costa & Costa (Filho), com porta aberta na Baixa, mas precisamente na Rua da Prata, 87 a 91, desde o início do século XX. Quem entrava no estabelecimento, deparava com uma abundantíssima e variadíssima oferta de bengalas, desde as mais simples, modestas e baratas, até às muito caras e de fantasia, com castões em prata e ouro cuidadosamente decorados, muitas delas importadas de países como a França e a Inglaterra. Não admira que em Lisboa se dissesse na altura: “Queres bengalas? Vai ao Costa”. E as bengalas do Costa eram mesmo para todas as bolsas.
Os donos da Casa das Bengalas começaram por ter uma ourivesaria e relojoaria na mesma Rua da Prata, que fecharam quando inauguraram aquela, exactamente no mesmo edifício, transferindo para a mesma boa parte do negócio original. Ou seja, a Casa das Bengalas vendia também jóias, relógios, pratas e outros artigos do mesmo ramo, embora as bengalas estivessem em maioria. Foram sendo cada vez menos usadas, acabando por ficar completamente fora de moda. E a Casa das Bengalas acabou por fechar, nos finais dos anos 60.
Coisas e loisas de outras eras:
+ O café que era a “Catedral do Fado”
+ O restaurante chique à beira-mar
+ Tenor Romão, o grande excêntrico