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Gordo, espalhafatoso, empresário de espectáculos e jogo, e também homem do cinema, como produtor, argumentista e actor de um punhado de pequenos filmes. Romão Gonçalves, que terá nascido na Madeira, foi uma das figuras mais excêntricas e vistosas da Lisboa dos anos 20 e 30 do século passado. Era popularmente conhecido por Tenor Romão, devido à sua paixão pela ópera, que cantava sempre que podia e onde o deixavam (incluindo no Campo Pequeno, como mostra a fotografia desta página), apesar de ser regularmente pateado na capital e no Porto. Romão criou também um licor, o Romanini, que, com proverbial imodéstia, dizia ser “o melhor do mundo” e “dar vida aos mortos”. O facto de ter os dentes cravejados de ouro e diamantes não o impedia de se meter em zaragatas e entrar em combates de boxe.
Em 1927, comprou o Cine-Tortoise (futuro Cinema Campolide), e rebaptizou-o Cinema Tenor Romão. Andava sempre de fato de linho no Verão e de caríssimo casaco de peles no Inverno, com o seu fiel cão pela trela. Entre os seus filmes curtos estão A Visita do Rei dos Belgas a Lisboa (1920), que mostra Romão a atirar-se ao Tejo e, nadando, a cantar o hino belga ao monarca; e As Aventuras do Tenor Romão – O Dó de Peito (1927), em que surge seminu a passear pelas ruas de Lisboa, vestido apenas com o seu casaco de peles e a passear o cão. Infelizmente, estes filmezinhos mudos perderam-se todos.
Coisas e loisas de outras eras:
+ A breve vida do Theatro Moderno
+ Quando a Avenida do Aeroporto não tinha nome