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O Pátio das Antigas: Tragédia no Cais do Sodré

Coisas e loisas da Lisboa de outras eras

Escrito por
Eurico de Barros
O Pátio das Antigas, Lisboa Antigas, Queda da cobertura da gare da Estação de Comboios de Cais do Sodré, 1963
©DRQueda da cobertura da gare da Estação de Comboios de Cais do Sodré, 1963
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Morreram 49 pessoas e 61 ficaram feridas no desabamento da cobertura da gare da Estação do Cais do Sodré. Foi a 28 de Maio de 1963, e houve cenas lancinantes.

No dia 28 de Maio de 1963, uma notícia correu Lisboa: “Houve um desastre na Estação do Cais do Sodré, morreu muita gente!” Dizia-se que um comboio tinha descarrilado, mas logo se soube que não era isso. A cobertura da gare havia desabado e o balanço era trágico: 49 mortos e 61 feridos. Mais de 400 pessoas acorreram à estação mergulhada no caos para acudir às vítimas: operários que trabalhavam na construção da ponte sobre o Tejo trazendo o seu equipamento, bombeiros, médicos, enfermeiras, militares, voluntários e padres, alguns dos quais deram a extrema-unção aos agonizantes no local.

Os jornais da época relatam cenas lancinantes. Há socorristas que choram. Perante os corpos de uma família sepultada nos escombros, um jornalista do diário O Século desfalece e tem que ser hospitalizado. O Ministério das Obras Públicas nomeia logo uma comissão de inquérito e fragmentos dos destroços são enviados para análise no Laboratório Nacional de Engenharia Civil. Funcionários da estação e passageiros regulares dizem aos jornais que há algum tempo que se ouviam ruídos estranhos na gare e se viam fendas na cobertura. Concluído o inquérito, a construtora da gare é acusada de incompetência e negligência e perde os alvarás de obras públicas. Irá falir. Cinco dias após a tragédia, já há comboios a circular na estação. As obras de reconstrução começam pouco depois.

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